Na torcida para os cinco de MS se tornarem ‘cidadãos do mundo’
Texto publicado originalmente na edição de sábado (28) de Jornal O Estado MS
Meu filho tem sete anos e
nestas férias foi a segunda vez que ele viajou de avião
sozinho rumo a Cuiabá para rever o lado
mato-grossense da família. E, lá vai ele com um crachá de
identificação quase do tamanho dele e de mãos dadas com a
aeromoça rumo à sala de desembarque. A gente brinca e
diz que o malinha já é“cidadão do mundo”.
Você deve estar se perguntando
porquê estou falando sobre isso, ou achando que eu
estou me achando o maior pai coruja. O que,
aliás, nem devo ser. Se não, ainda falaria das peripécias
da minha filhotinha que já... deixa para lá.
Eu usei a expressão cidadão do
mundo para pôr fim na minha angústia ao
abordar os atletas de Mato Grosso do Sul que estão nos
Jogos de Londres. Sempre rola uma conversa sobre a
cobertura a ser dada no jornal. Dos cinco
representantes, dois deles literalmente “só” nasceram em solo sul-mato- grossense e não possuem
vínculo familiar com o Estado. Caso do nadador Leonardo de Deus,
e do judoca Rafael Silva. A questão é: a gente pode bater no
peito e dizer que eles são sim, filhos da terra? Ou é forçar um pouco a
barra.?.
O outro caso é o da zagueira Bruna Benites. Parte da família mora em Campo Grande, ela jogou futsal
na UCDB e participou do time feminino do Comercial antes de se destacar
nacionalmente no Foz Cataratas, do Paraná. Mas, tem sempre esse tal de
mas, na identidade consta bem constado que o local de seu
nascimento é,advinha? Cuiabá. E, aí? Ela tem menos importância por
isso, ou vale mais do que a dupla citada acima pelo fato de ter
familiares e amigos em Campo Grande?
Já a aquidauanense Talita, do vôlei de praia, e o douradense Magno Prado Nazaret, do ciclismo, passam ilesos por este detector de bairrismo. Tem parentes,
viveram e quando podem marcam presença no Estado.
Atenção: a resposta que darei a seguir é de minha total responsabilidade e pode não corresponder à opinião do veículo (uma singela brincadeira em forma de homenagem àqueles avisos que têm antes de programas, filmes, ou documentários de qualidade duvidosa que as emissoras/produtoras/estúdios utilizam para se eximir de culpa).
Eu acho que a zagueira tem mais a ver com o esporte local do que a dupla Leonardo de Deus e Rafael Silva. Porém, entretanto, todavia, a torcida deve ser para todos, independentemente do local de origem dos brasileiros. E, se brilharem na Olimpíada, o espaço tem de ser à altura do seu feito. Pois, deixará de ser apenas sul-mato-grossense, brasileiro, para se tornar legitimamente cidadão do mundo.
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