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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

Pós-Carnaval, e o otimismo que esfarela

Talvez o Carnaval seja a única, ou uma das. poucas vezes em que o Brasil olha para dentro. E se gaba. Ou, vai, ao menos tolera-se ver no espelho. Na maior parte do tempo, a impressão – não é de hoje – é a de que há uma necessidade por e de aprovação. Ou, de apontar o dedo sem importar os perrengues em seu interior. Pessoa negra agredida é presa, e o agressor melhor atendido do que a vítima . Feminicídio caminha a passos largos para fazer companhia à banalização dos números. “Este é o trocentésimo caso este ano, este é o trocentésimo primeiro”, e por aí vai. Tal qual tantos outros que assistimos, fingimos indignação, e, tempo depois, vida que segue. “Ainda bem que é não é comigo, com minha família”. Pior, tão brutalizado está o negócio que muita, mas muita gente, acha bom. Acha graça. Manifestações bizarras, óbvio, com uma injeção de grana porque de graça não rola joia. joinha. Indignação seletiva veio para ficar. Corre solta, vigorosa, vai que vai...obrigada. Então outro bom exemplo de

Jon Batiste e Adam Sandler, nada e tudo a ver

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  E aí, tudo bem?! Essa semana assisti duas coisas que, de um modo, encontrei uma conexão. American Symphony, documentário sobre o artista Jon Batiste, e o vídeo do pessoal do canal Meteoro sobre Adam Sandler. Pois é, vai entender… Bom, se não assistiu American Symphony, é um dos concorrentes ao Oscar de melhor documentário. Tá lá na Netflix.  Dirigido por Matthew Heineman, o filme acompanha Jon Batiste e parte da notícia de sua indicação a onze Grammys. Ganhou cinco. Paralelo a isso, o músico, então com 35 anos, entra numas de compor uma sinfonia. Porém, o desafio aumenta exponencialmente pelo fato de sua mulher, escritora Suleika Jaouad, estar ás voltas em tratamento pesado contra a leucemia. E eu desconhecia o “tal” Batiste. O cara de origens lá de New Orleans vai para centro maior e, com talento e trampo, se faz notar por gente como Lenny Kravitz, Red Hot Chilli Peppers, passando por Madonna. Fiquei com vontade de escutar a obra dele. American Symphony é daqueles documentários que

Curta, A Incrível História de Henry Sugar é leve e boa

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  Sigo na esteira dos curtas, em ritmo de só no tapetinho do Oscar. A Incrível História de Henry Sugar foi indicada ao de Melhor Curta Metragem em Live Action. Essa categoria tem um tempinho já, o primeiro vencedor é de 1958, The Wetback Hound. Para a edição 2024, o curta de nome comprido concorre com o The After, tema do post passado por aqui , Invincible, Knight of Fortune, e Red, White and Blue. A direção de A Incrível História é de Wes Anderson. Ele participou dentre outras coisas que valem a pena dar uma espiada, de Os Excêntricos Tenenbaums, A Vida Marinha com Steve Zissou, O Fantástico Senhor Raposo, O Grande Hotel Budapeste, e Moonrise Kingdom, este último, acho dos melhores do diretor estadunidense, de 54 anos.  Seu longa-metragem mais recente é Asteroid City, que ainda não vi. Em menos de 40 minutos, o curta-metragem da vez capta muito bem as características do diretor. O ar cômico, um quê de realismo fantástico, uma história bem contada. No elenco, Benedict Cumberbatch, Ralp

E Depois? Pra quem é pai são outros trocentos

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E aí?! Desta vez o assunto é curta. Já viu The After? Partirei do ponto que, creio que assistiu. Adianto, indico para todos e todas, beleza?! Dito isso, bora lá. Sinto falta, provavelmente por desconhecimento, de histórias com o pai no olho do furacão. Certamente, essa sensação provém do fato que sou um coroa que tem um filho e uma filha sob o mesmo teto. Sei, é egoísmo mesmo. Ou sem noção de minha parte, de se incomodar tantas vezes ver a figura paterna retratada estilo pai da Peppa Pig – confesso, motivo principal de não gostar desse desenho (minha filha gosta, por exemplo, e tá tudo bem). Ou modo fodão/homão da porra/dá conta de tudo/e por aí vai (idealizações que fazem parte de imaginários criados há miliano e tá tudo bem também). Daí quando aparece dezoito minutos de uma história em que o mote é o luto de um homem que viu a filha e a mulher serem mortas na sua frente, arrepia. Dirigido pelo nigeriano Misan Harriman, do pouco que consegui pesquisar é fotógrafo, ativista, e o curta

Rustin começa devagar, depois engata uma Marcha sem freios

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  E aí?! Faz bom par de anos que deixei de acompanhar mais de perto o Oscar. Creio que com o passar dos anos o desacreditar na nomeação das premiações tomou conta de boa parte da minha mequetrefe sapiência acerca da sétima arte. Nesse começo de ano, deu na telha de assistir coisas relacionadas ao evento mundial do cinema. Queira ou não, chegar à edição 96 não é pra qualquer um. Nível Academia. Mesmo assim, sem prazo para assistir favoritos como Oppenheimer, Assassino da Lua das Flores, Pobres Criaturas, e Segredos de Um Escândalo, por exemplo. Grana tá curta, sabe como é, né. Dito isso – antes que engate um Chris Rock e fale demais, vi Rustin. Aliás, o muy amigo do Will Smith está no elenco em um papel que, de repente, todo mundo pode odiar. O longa-metragem concorre na categoria prêmio de melhor ator, com Colman Domingo, que interpreta o personagem principal do drama dirigido por George Wolfe, e tem entre os produtores executivos, o casal Michelle e Barack Obama. Tá lá na Netflix, ent

Vale rever tanta gente boa na Noite que Mudou o Pop

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  Sinceridade, tinha ressalvas em assistir A Noite que Mudou o Pop, em inglês, The Greatest Night in Pop. Quando a música/campanha foi lançada, em 1985, era apenas um moleque de oito anos e como boa parte do planeta, sabia quem era Michael Jackson. Aliás, tenho o vinil do Thriller, e se pá, também o do We Are The World (tenho de dar uma procurada). As ressalvas sobre USA for Africa eram devidas à banalização sofrida pela canção composta pela dupla Richie e MJ. Assim, certamente que você já escutou a música, refrão virou um chiclete gigante, nível Give Peace a Chance, do Lennon, por exemplo. No Brasil, até mote de campanha antifumo. Lembra do “Me arde o Ôi... Me arde o Ouvido”?, lá dos anos 2010. Vou deixar o link aí se você não assistiu. USA for África também me causou um certo ranço pois na minha cabeça, anos e anos mais tarde, me soou oportunista. Do tipo, “até parece que só essa iniciativa vai resolver os problemas da fome por lá”. Independente disso, seja por nostalgia, para reafir