Pós-Carnaval, e o otimismo que esfarela

Talvez o Carnaval seja a única, ou uma das. poucas vezes em que o Brasil olha para dentro. E se gaba. Ou, vai, ao menos tolera-se ver no espelho. Na maior parte do tempo, a impressão – não é de hoje – é a de que há uma necessidade por e de aprovação. Ou, de apontar o dedo sem importar os perrengues em seu interior.

Pessoa negra agredida é presa, e o agressor melhor atendido do que a vítima.
Feminicídio caminha a passos largos para fazer companhia à banalização dos números. “Este é o trocentésimo caso este ano, este é o trocentésimo primeiro”, e por aí vai.

Tal qual tantos outros que assistimos, fingimos indignação, e, tempo depois, vida que segue. “Ainda bem que é não é comigo, com minha família”.

Pior, tão brutalizado está o negócio que muita, mas muita gente, acha bom. Acha graça.

Manifestações bizarras, óbvio, com uma injeção de grana porque de graça não rola joia. joinha. Indignação seletiva veio para ficar. Corre solta, vigorosa, vai que vai...obrigada.

Então outro bom exemplo de brasilidade, tal qual a folia popular das ruas em fevereiro de rodo ano, a seleção brasileira entrou no rol das bagaças que divide torcida. Coisa impensável, sei lá, até o começo dos anos 2000.

De alto a baixo, somente com bastante força de vontade e propaganda para mobilizar. É muito mais que futebol. 

Passar pano tanto para ex-jogador condenado por estupro, como para a omissão de jogadores agredidos, torcedores e torcedoras também. Realmente, a imagem do brasileiro cordial é miragem em muitos campos.

Sei lá porque estou a escrever sobre. Parece um loop, uma roda viva que gira gira e segue no mesmo lugar.

Sabe, assisti a um vídeo em que a palestrante defende que em seu ciclo familiar e de amizades há muito mais pessoas que fazem coisas boas. As que frequentam os noticiários, ou que cometem delitos são minoria.

Desta forma, é correto imaginar que, na real, o mundo negativo, pesado, por vezes retratado nas telas e redes é fração pequena. Seja otimista, pois o pessoal do bem continua ser a maioria no globo terrestre.

Sério, se te acalenta e te motiva, que bom. Mal não fará. Espero. Eu mesmo, comecei a seguir.

Só que, sei lá, o risco do pensamento individual sobrepor de forma dominante às preocupações coletivas me incomodam muito.

O temor é chegar ao ponto de não retorno. Inflexão. De passar despercebido os sinais e a galera das trevas vir ainda mais forte, crente que é tudo deles. Que minoria...é minoria, mesmo e assim tem de permanecer. Essa é a ordem natural das coisas.

Ah, deixa pra lá. Vai ver, é só uma fase. Dá meu copo que já era.

Abraço.

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