Sul-Mato-Grossense, Naviraiense e a rotina crônica no futebol


Texto publicado na edição de hoje (20) do jornal O Estado MS

Você sabia que a CBF, por meio do seu presidente (hoje José Marin), paga mensalmente R$ 50 mil a cada um dos que comandam as federações de futebol, incluindo aí, obviamente, o nosso nobre representante Francisco Cezário? E este valor, também de acordo com a imprensa nacional, vai sofrer um reajuste de 100%, caso contrário, sabe como é né, pode vir outro cartola a substituir o Zé das Medalhas.
E, em se tratando de Mato Grosso do Sul, você já deve estar por dentro que neste ano a Chevrolet firmou patrocínio com a FFMS no valor de R$ 300 mil para ter sua marca ligada ao trepidante Campeonato Sul-MatoGrossense. Além, é claro, da parceria com a televisão que continua firme e forte, a ponto do último domingo, o narrador transmitir a partida que aconteceu em Dourados direto de... Campo Grande, assistindo a televisão! No jargão do jornalismo, conhecido como offtube, que é quando a locução é feita dos estúdios.
Parabéns à federação, as parcerias e os recursos mostram que o nosso futebol profissional está no caminho certo. Como reconhecimento de tamanho sucesso, e dinheiro entrando no caixa, o prêmio da Federação para o time que for campeão estadual será no valor de...ah, pensando bem para quê premiação em dinheiro?
Isto é coisa de torneio de futebol amador, ou só para Estados como São Paulo. Basta o bonito troféu, a volta olímpica, e vamos comemorar. O ostracismo com fim da temporada para os que participaram da competição, menos Águia Negra e Naviraiense, que ainda jogam a Série D.
Louvável o esforço da federação e, sim, com o apoio dos seus filiados, os dirigentes dos 14 times que disputam a competição. Incluindo na lista, o Naviraiense, cuja equipe emocionou muita gente nessta semana ao derrotar a Portuguesa de Desportos-SP.

O Naviraiense merece os elogios. Dentro de campo
Passada a alegria, por ter pela primeira vez avançado à segunda fase da Copa do Brasil, vai aí
algumas indagações ao estilo advogado do diabo: Está correta a relação unha e carne entre o clube de futebol e a prefeitura? Ver o prefeito do município de 47 mil habitantes acompanhando loucamente a equipe em São Paulo, chega a ser folclórico.
Porém, não sei medir o quanto isto é importante ou vai influir para o funcionamento da cidade. Calcula-se em R$ 60 mil a folha salarial do elenco, boa parte bancada pelo poder municipal. Vale a pena investir tanto no futebol?
Pode-se argumentar que sim, vale a pena, pois a participação e a classificação já rendeu via CBF, a quantia de R$ 300 mil. Mas, e se não classificasse? É sabido que os jogadores do Jacaré do Conesul tinham contrato até a primeira quinzena de maio, quando expira o Estadual, e que será estendido para a disputa com o Paysandu do Pará.
A passagem à segunda fase na Copa do Brasil seria ainda mais animadora se rendesse frutos para o futebol do Estado. O que parece ser apenas uma miragem, uma verdadeira exceção à regra. Vai ver até rende. Para os que não entram em campo, e tratam o esporte como se fossem propriedades suas, como acontecem ano após ano. Aliás, em 2014, quem vai ser o Naviraiense da vez?

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