Se ginasta campeão olímpico já sofre, imagine os ‘reles mortais’
Texto publicado na edição de hoje (27) do jornal O Estado MS
Quando ocorrem situações como a do ginasta Arthur Zanetti,
medalha de ouro em Londres-12, que ameaçou até deixar o País por falta de
apoio, estrutura, enfim, por falta de tudo, segue de pé a infeliz conclusão de
que o Brasil está a 20 mil léguas submarinas de ser uma potência esportiva. E,
quando jogadores da elite do vôlei masculino tupiniquim se unem e pedem, quase
que implorando, para que a Confederação, cada vez mais poderosa, interceda a favor
deles e torne a Superliga Nacional mais atrativa para patrocinadores, nota-se
que muita coisa está errada. Imagina na Copa, quer dizer, na Olimpíada.
Ops, imagine na nossa região outrora um deserto, ou nos
celeiros de fartura. Passaram se quatro meses e bolsas e fundos de incentivos
aos atletas caminham a marca-passos. Diga-se de passagem, a situação é crônica.
Ano após ano. Outro fato preocupante é a falta de atenção com o esporte em si.
Não recordo agora quando e o nome, mas li certa vez um especialista defender
que o Brasil precisa voltar a olhar para a área desportiva desde a escola. A
dar importância para a disciplina de Educação Física. Estimular a meninada, criançada,
gurizada, molecada, piazada, os manos, as minas. De um jeito que faça gostar de
exercitar o esqueleto e a mente, e aumentar o número de atletas. Bem como dar
estrutura, intercâmbio, aos professores e às escolas disponibilizando materiais
esportivos e locais minimamente adequados.
Caso contrário, viveremos de exceções como Gustavo Kuerten,
Arthur Zanetti, César Cielo. Atletas que se esforçam muito mais que deveriam,
para conseguir competir em condições de igualdade com os grandes centros
mundiais.Retorno à nossa realidade. Esta semana foi aberto os Jogos Escolares
Campo-Grandenses. Á primeira vista, parece grandioso o número de alunos
envolvidos: 1700, na faixa etária que vai entre 12 à 17 anos. Olha só, que legal!
Entretanto, um olhar mais detalhado nos leva a certas reflexões, flexões,
abdominais, polichinelos e por ai vai. São 47 escolas participantes de 106 existentes
no município, segundo números divulgados pela Funesp. Ou seja, mais da metade
não terá nem um garotinho defendendo sua gloriosa instituição de ensino.
Quando se olha a tabela de competições, a coisa fica mais séria.
No basquete masculino, são apenas seis escolas na disputa. No feminino, três.
Sério, apenas três colégios vão competir em um esporte dito popular em uma
cidade de 800 mil habitantes. No handebol, cinco times inscritos, sendo três no
feminino e dois no masculino. No vôlei, alardeado como o segundo no coração dos
brasileiros haverá uma batalha pelos primeiros lugares. Cinco equipes no
feminino lutarão pelo título! Ah, mais entre os garotos deve ter mais times.
Não, cinco também. A exceção fica por conta do futsal masculino, em que serão
15 equipes. Mesmo assim, fico em dúvida se realmente é um número alto. Só para
constar, no feminino, serão três os times. O baixo número na base da pirâmide
faz com que praticamente inexistam talentos para formar seleções que
representem dignamente nosso Estado nas competições nacionais. E, por tabela, o
esporte do Brasil chega sem fôlego e força suficientes para brilhar nos Mundiais
e nas Olimpíadas.
Enquanto isso, gasta-se milhões para maquiar o País até 2016,
querem torrar mais dinheiro no Maracanã após a Copa de 2014 para o “adaptar”
visando a Olimpíada, derrubar parque aquático construído para o Pan de 2007,
perdoar dívidas de Confederações. Ou seja, para atletas e técnicos, principais
protagonistas de qualquer competição esportiva, nada, mas, que tem uma parcela
de culpa, assim como as federações. Já passou da hora de cobrar. Pois, do
contrário, fica aquela lenga lenga semelhante a do “cachorro que late mas não
morde”.
Errei
“O ostracismo com o fim da temporada para os que participaram
da competição, menos Águia Negra e Naviraiense, que ainda jogam a Série D”. Foi
publicado na coluna anterior. Errado. Mato Grosso do Sul tem apenas uma vaga no
Brasileiro e pertence teoricamente ao campeão estadual de 2012, no caso o Águia
Negra.
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