Estádio de futebol no país virou depósito de torcedores
Texto publicado
na edição de hoje (13) no jornal O Estado MS
É
sério, a nossa esforçada equipe que trabalha neste jornal acima de tudo por
esporte, tenta na maioria das vezes buscar fatos positivos para mostrar:
medalhistas, jogadores, atletas, talentos nascidos nesta terra boa pra se viver
bem. E, neste pacote, que nem de perto é o de “bondades”, inclui o garboso futebol
sul-mato-grossense. E o campeonato que no começo parecia que seria melhor do
que a média dos últimos anos foi caindo de produção dentro e fora do campo, e
virou apenas mais do mesmo. Impressionante como os estaduais aqui e país afora
estão emocionantes! E, o pessoal querendo falar de Libertadores, Copa dos
Campeões da Europa...
Entretanto,
vamos nos ater a nossa seara nessa comitiva esperança. E fomos para não em
Corumbá, mas a Ivinhema. O que aconteceu no último domingo no estádio Saraivão foi
lamentável. Embora o nível técnico do nosso futebol não esteja lá estas coisas
(o poderoso time do Bragantino-SP que o diga), a violência e o descaso com os
torcedores nos estádios são indignos como nos grandes centros. Há tempos, uma
professora do Rio Grande do Norte desabafou frente a nobres deputados sobre a
condição da educação neste país. “A escola virou um depósito de crianças”. N
o
caso do esporte em geral, com algumas adaptações, diríamos que os estádios
viraram depósitos de torcedores. E um exemplo foi o ocorrido no estádio de
Ivinhema. Onde torcedores do Misto de Três Lagoas, irritados pela eliminação da
equipe após derrota por 3 a 1, teriam invadido o setor
destinado
à torcida da casa. O resultado: seis feridos, sendo que um foi internado e
permanece em estado grave. Grave não, gravíssimo. Gravíssimo não, crítico.
“Ah,
mas a culpa é da torcida do Misto, que começou a briga. Não, o Ivinhema é
responsável por não ter reforçado a segurança.” Cada um na sua
e
a federação de futebol age no dia seguinte, e interdita o estádio Saraivão.
Olha, quando o evento, o show, a competição apresenta problemas, a culpa é da
organização. Neste caso, quem organiza é a Federação de Futebol de Mato Grosso
do Sul. É dela, sim, a parcela maior
de
culpa. Casos de violência são recorrentes no futebol do Estado. Por exemplo,
anos atrás, houve briga entre torcedores e jogadores em Naviraí, aqui na
Capital uma torcedora do Operário foi atingida por uma bomba arremessada por um
policial, que tentava conter uma confusão entre torcedores do Galo e do
Colorado Comercialino.
A
expectativa agora é se ficarão somente na superfície as punições. Além do
Ivinhema, o clube de Três Lagoas também precisa ser penalizado. Caso a FFMS
continue conivente com seus filiados e fazendo cara de paisagem, o futebol por
aqui vai seguir estável. Estavelmente desacreditado.
Dirigentes,
faço minha o desafio do crítico de culinária francês no desenho meia-boca
Ratatouille: Surpreenda-me. Positivamente, de preferência.
Itaquerão,
Maracanã, a conta é nossa. O lucro não
Não
podia deixar de registrar a bola fora, “foríssima”, dos acontecimentos
envolvendo os dois dos mais emblemáticos estádios que serão palcos para a Copa
da Fifa. Em São Paulo, na semana passada, a prefeitura liberou R$ 156 milhões
em incentivos para o desenvolvimento da obra. Detalhe, que no total serão
liberadas parcelas que totalizarão R$ 420 milhões. Fora o dinheiro federal, via
BNDES, que o ministro declarou que vai sair em breve. Bom, né? Por outro lado,
o Corinthians, dono do estádio, já anunciou que três empresas querem dar nome
ao estádio. A pedida corintiana é de R$ 20 milhões por ano e um contrato de 20
temporadas: R$ 400 milhões no total. Quer dizer, os governos bancam a obra, mas
a contrapartida...
Já no Rio de Janeiro,
o Maracanã abriu licitação para ser administrado pela iniciativa privada. São
dois consórcios, sendo um com participação da IMX, de Eike Batista. Tudo bem,
fora um detalhe: A IMX foi a responsável por ter feito o estudo de viabilidade
do estádio. Que coincidência!
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