O arsenal de violência no futebol, infelizmente, parece sempre se renovar


Texto publicado na edição de sábado (6) no jornal O Estado MS

Nestes dias tão estranhos, um trecho de música da banda Legião Urbana pulula na minha mente. “A violência é tão fascinante. E nossas vidas são tão normais”, está contida em Baader-Meinhof Blues. A canção deve ter lá seus 30 anos, e ouvi pela primeira vez há uns vinte e poucos. Infelizmente, a violência parece não sair de “moda”. E, no futebol parece cada vez mais recorrente.
Não faz muito tempo, falei disso por causa da morte do torcedor boliviano. Agora, o palco de nova batalha foi na Arena Independência, entre policiais brasileiros e jogadores argentinos. Aliás, quem foi a iluminada cabeça que começou a chamar estádio de arena. Será uma profecia? Arena, sem querer, já me lembra briga, aquelas coisas de gladiadores. Gosto mais do termo estádio. Traz mais lembranças boas.
Pois, detalhes á parte, o que aconteceu em Belo Horizonte. Pronto, agora o trocadilho é inverso. O tumulto não foi nada belo, tampouco é possível vislumbrar um horizonte menos problemático.Sinceramente, não sei quem começou a briga. Do lado de cá da Bacia do Prata, a versão é a de que os argentinos apelaram, não souberam perder, e partiram para cima dos nobres fardados. Já, do lado de lá, as palavras usadas foram “vergonha”, excesso da força policial, este é o país que vai sediar a Copa? Como se lê, há versões, mas também existe muita aversão de parte à parte.
O fato é que houveram socos, pontapés, cuspidas, arma apontada na cara, chute no peito desferido contra policial mulher. Enfim, um enorme papelão. Que terminou, pasmem, em pedido de desculpa e no pagamento de uma multa por parte do time argentino à Justiça mineira. Detalhe: o cheque foi assinado pelo presidente do Atlético-MG. Que ofuscou a soberba apresentação de Ronaldinho Gaúcho e companhia. Atlético-MG aliás, pode até não ser campeão, mas que o técnico Cuca montou uma equipe que joga um bom futebol disso não há dúvida. Atualmente, o mais vistoso do Brasil.

Hoje, tem jogo da seleção. Você sabia?
E, neste sábado, no melhor estilo leva do nada a lugar algum, mais um amistoso da seleção arroz de festa brasileira. Ah, mais é para ajudar a família do garoto Kevin Spada. Bom, como diria um jornalista das antigas, “é, e não é”. A renda do jogo desta tarde, em Santa Cruz de la Sierra, vai ser dividido, segundo os organizadores, em três partes. E apenas uma dela vai ser para “consolar” os familiares do torcedor morto. Pais que, aliás, só foram convidados oficialmente na quinta-feira para assistirem a partida em homenagem a eles.
E, assim, a seleção parece mais um ônibus pinga pinga. O destino final é a Copa do Mundo, mas até chegar lá vai cansando, se desgastando. E, com ela, o risco da confiança do torcedor ficar pelo caminho. Um exemplo? Até o momento o jogo com mais ingressos vendidos para a Copa das Confederações é? Não, não é do Brasil. A partida entre México e Itália já tem 60.717 bilhetes vendidos. Mais do que a abertura do torneio, entre a equipe Scolari versus o Japão, com 58.620.
Solitária menção honrosa: o choro do lateral do Náutico, Douglas Santos, após saber de sua convocação. Ah, se houvesse mais jogadores e, porque não cartolas, com esta postura, o futebol estaria em mãos melhores. Simples, assim. Ou não?

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