Pai japonês e santista, filho corintiano no Japão. Pai é pai
No último domingo, o que mais
me chamou a atenção foi meu pai. Japonês mesmo. Imigrante e que adora o Brasil.
Ás vezes mais até do que a terra natal, às vezes menos, mais adora. Ele é
santista, pois, como gosta de explicar, o navio em que ele atravessou o oceano
desembarcava no litoral paulista. Daí, a influência.
Mas, quando é seleção
brasileira ou algum time do Brasil em campo ele torce para os de língua
portuguesa. Às vezes, mais do que muitos brasileiros. Um exemplo foi na final
vencida pelo Corinthians em Yokohama. Não sei se ele vai concordar, nem sei ele
vai ler o que escrevo, mas foi o que eu senti.
No segundo tempo, ele com a
minha mãe, também japonesa, apareceram lá em casa para tomarem o cafezinho da
manhã. E, assistiram o segundo tempo do jogo. Esse mundial meu pai teve um
motivo a mais para torcer. Meu irmão mora lá no país do Sol Nascente. E é
corintiano. O que parece impulsionou ainda mais a torcida dele. Acho que um
misto de orgulho do torneio ser em seu país e o fato do filho lá estar. Ao fim
do jogo, o “ véio” não desgrudou os olhos da televisão. Deve ter passado
presente futuro um turbilhão de emoções. Imaginando como estariam meu irmão e
os brasileiros que lá vivem. Uma festa e tanto em meio à dura rotina de
trabalho imposta aos trabalhadores estrangeiros. “Ei pai, desse jeito você vai virar corintiano”,
brinquei. E, nada. Parece que desligou do mundo. Deve ter acionado um Google maps
para localizar alguém. Um tempo a mais, minha esposa tenta de novo, “ei véio,
você tá virando corintiano, hein”. Agora, de volta a Campo Grande, ele
respondeu “não, o Santos está no meu coração”. Sei, mas deve ser muito bom
imaginar o filho feliz. Do outro lado do mundo.
Assim, homenageio os
corintianos. Nem vou falar do jogo. Vai ser chover no molhado. Parabéns.
Em nota: esse “problema” clubístico passa longe
de casa. Meus filhos torcem para o mesmo time que o pai e a mãe. Ufa, né?
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