A CBF tratou o Mano pior que cachorro de rua

*Texto publicado na edição de sábado (1) de O Estado MS

Olha, tudo bem que todo mundo sabia que o sabiá sabia assobiar e que o Mano era técnico da seleção, mas não de seleção. Só relembrando, ele foi a terceira opção para substituir Dunga. A primeira foi o Muricy, a segunda o Felipão. Mesmo assim, o então técnico do Corinthians -

que tinha como título mais importante a Copa do Brasil, já que em um time que tinha Ronaldo e era tecnicamente superior a este que vai para o Japão parou no Flamengo na Libertadores e, antes só fez figuração no Brasileirão e também perdeu o Paulistinha - aceitou.

Bom, o restante todo mundo já sabe e deu no que deu.Em uma sexta-feira, que não foi 13, mas para ele bem que poderia ter sido, a CBF incorporou o Roberto Injustus e emitiu uma nota: Mano, você está demitido! Digo, injusto porque faltou no mínimo, à Confederação, um pouco de noção. Da maneira que foi, foi muito cruel.

Imagine você no lugar do sem carisMano, toda hora vendo gente dizer que você vai cair. E, seu chefe, dizendo o contrário mesmo após tantos fracassos. Daí, quando tu ganhas um título (?), o tal Supercrássico, fica todo todo. Fala que o ano foi bom, que o elenco está de parabéns, já prevê o ano que vem, tipo, está contando que já está garantido o cargo.

Aí, no outro dia, o chefe Zé das Medalhas, junto com pessoas de seu nível de credibilidade como Andrés Sanchez, decide que você está fora. É ou não é de pensar em ficar com dó do Mano? Ô coitado. Puxa, eu não fariaisto nem com meu pior inimigo (também nem sei sei se

tenho). Já pensou, ele chegando para a família, tendo que explicar o quê?

Outra coisa pouco abordada nos dias que seguiram à queda do Mano: o silêncio de seus

agora ex-comandados. Nem contra e nem a favor. Cadê as manifestações via internet que os jogadores adoram utilizar? E aí, Neymar, Kaká, Paulinho, Oscar, capitão Thiago Silva, David Luiz, Marcelo,Hulk? Por que ninguém cobra uma posição deles? Se gostaram, se não, se a CBF fez bem em demitir o técnico há menos de dois anos para a Copa do Mundo? Se era melhor ter dispensado antes?

Após a demissão, Mano emitiu uma nota via rede social agradecendo a chance. Educadíssimo. Ou consciente de saber com quem estava lidando dentro e fora de campo. Ou, espero estar errado, como cachorrinho à espera de um novo afago para voltar à seleção com o rabinho abanando.

Favas contadas, veio a inevitável pergunta: Quem assumiria a bronca? Se tem alguma coisa que brasileiro gosta é apostar.Nem precisa ser valendo dinheiro. Só pelo prazer de ganhar ou de se divertir mesmo. Agora, a bola da vez éseleção brasileira?

Saiu o Mano, entrou quem? Tite, Muricy, Abel Braga, Luxemburgo, Guardiola?

Eu, desejaria que fosse o Guardiola. E daí que ele não é brasileiro? Dunga, Mano, e muitos que passaram por ali não deram certo. Qual o problema em tentarcom alguém que fez do Barcelona um time histórico? O mesmo Guardiola já declarou que foi inspirado pela escola brasileira. Ah, mas ele não é treinador de seleção. Pressionado, Zé das Medalhas antecipou e, uau, que surpresa! A dupla Felipão-Parreira. Tudo bem, são técnicos campeões do mundo e têm experiência de sobra em banco do Brasil, ops, em banco de reservas mundo afora. Mas, o que eles ganharam nos últimos dez anos? Como diz a piada, “não sei, pergunta lá no Posto

Ipiranga”. Lamento que a CBF tenha perdido uma chance de trazer um técnico mais para frente, literalmente. Que fosse o Tite, Abel ou Muricy, pelo menos uma mudança de ares. Agora, é se preparar para o esquema “gol é um detalhe” e o clima “quem torce contra a seleção não é brasileiro”.

Pontos de vista à parte, Felipão terá uma missão difícil. A safra não é das melhores e o tempo é curto. Boa sorte ao ocupante do cargo mais importante do país para grande parte dos brasileiros.

Twitter @KishoShakihama