Pós-Copa, vários estádios adormecidos como o Morenão

Você foi domingo ao Morenão, ver o passeio da Portuguesa sobre o Corinthians. Não? Mas, pelo menos bateu aquela vontade de ver o joguinho. É legal ver que o estádio ainda tem utilidade às vezes. Dez, doze mil torcedores, provavelmente até mais. Impressão causada pelas tradicionais ilusões de óticas dos jogos em Campo Grande quando envolvem clubes de Série A.
Foco na imprensa nacional, seja pelo jogo em si, seja pelas reclamações do campo, seja pelo calor, seja por “sejar” mesmo. Nesta mania de parte dos quem vem dos “grandes centros” achar tudo de ruim o que não é do eixo Rio-SP. E, pasmem, muitos daqui concordarem. Tal qual, alguns gringos tratarem Rio de Janeiro e São Paulo como lugares inferiores aos seus padrões e, os nativos baixarem a cabeça.
Síndrome de vira-lata à parte, ano quem vem tem Copa do Mundo. Uia! Sério?! Brincadeira, já faz menos tempo: exatos 250 dias. Mas, o que tem a ver o jogo do Morenão com o Mundial? Os jogos da Fifa mais perto da Cidade Morena não serão em Cuiabá, Mato Grosso?  Pois, é.
A concatenação do meu raciocínio fluiu no dia seguinte ao ludopédio entre as equipes da série A. Na tarde de segunda-feira, o gigante de concreto armado, como escreveria repórter que por aqui passou, recebeu sessenta e poucos curiosos para assistir Campo Grande e Guaicurus. A partida foi válida pela decisiva segunda fase do Sul-Mato-Grossense da Série B. Sei, sei, é melancólico. Mas, desta vez nem vou chover no molhado e ficar apontando os culpados de praxe.
O estalo que me atingiu foi: agora entendo um pouco melhor quando consideram boa parte dos estádios que estão sendo construídos para a Copa como desperdício de dinheiro. O Morenão, que outrora recebeu 30, 35 mil torcedores, hoje, tem todo aquele tamanho para públicos diminutos. A final do Estadual Série A deste ano abrigada pelo estádio registrou pouco mais de 2 mil pagantes.
Imagine na Copa. Os palcos em Cuiabá, Brasília, Manaus, e Natal estarão uma festa. Casa cheia. Mas, e depois? Tal qual acontece hoje com o Morenão, viverão dias de agonia. No estilo do “E agora, José?”, de Carlos Drummond de Andrade.
E, quem vai pagar a conta para manter estes estádios, cuja manutenção e aluguel de jogos são obviamente bem mais dispendiosos do que o simpático Morenão. Torço muito para estar errado. Mas, não haverá Campeonato Mato-Grossense, Amazonense, Brasiliense ou Potiguarzão que conseguirá encher as modernas arenas. O jeito será trazer o “circo” da Série A. Como acontece por aqui ano após ano.

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