A caixa do mercado: Puxa, como morre jornalista né hahaha
Um dia destes, há tempos, mas
nem tanto assim, ainda neste ano (será que já contei esta história?) na minha
rotina de “não basta ser pai, tem de ir ao mercado” ocorreu algo ironicamente
mórbido. Tive a sorte de, ao me dirigir ao caixa, ser atendido por aquelas funcionárias
que se sentem à vontade de puxar a conversa. Mesmo que você não queira.
E, no meu incrível defeito de
não saber dizer não, fui respondendo o básico. “É, tenho filho... é, parece que
vai chover, verdade, como aumentou o preço da carne”, e por aí vai. Não sei porque
existe aquela placa Caixa Rápido. Deve ser uma pegadinha...
Até que, tchan tchan tchan, a
parte ironicamente mórbida. “O senhor trabalha em o quê? Sou jornalista. Puxa,
como morre jornalista né (risadas, dela). É (riso amarelo e não é porque sou
nipo-brasileiro). Morre jornalista adoidado né moço (ela insiste). Verdade,
deixo eu ir antes que alguém me apague (outra risada tão verdadeira quanto
artista candidato à participante de A Fazenda) e fui!
Lembrei desta venda, pelo caso
de Ponta Porã, em que foi morto nesta semana proprietário de jornal. Lá na
fronteira, outro já havia morrido também neste ano. Em Campo Grande, tem uns
casos também, e, a maioria não esclarecida totalmente.
Antigamente,
pelo menos uns dez anos, ainda facultativo (segundo o caboclo, termo usado para
quem cursa faculdade) compartilhava da opinião de que “certos tipos” de
jornalistas não mereciam destaques pois os mesmos eram “picaretas” ou “morreu
por causa de esquema”. Muita gente pensa assim e respeito. Mas, eu mudei o ponto de vista quando na mesma época conversando com um jornalista,
em minha modesta opinião o melhor que surgiu na nossa terrinha, disse uma
coisa que não esqueci. “Independente do que ele fazia, era jornalista. Não
pode discriminar. Se não, daqui e pouco é outro que morre, e outro, e outro. E aí?! O fato é
que um jornalista morreu e tem de ser investigado as causas e tentar prender os envolvidos. Você pode até discutir a idoneidade do figura, mas tem de ser apurado
o crime.”
É ruim este sentimento de impunidade. Pior é saber que a solução dos crimes náo é regra, é exceção. Mas, vamos lá, acreditar é preciso. Ou não?
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