Futebol de MS e de muitas regiões já ‘atendem’ aos desejos do Bom Senso. E não é por querer

Um trecho de música de uma banda que é longe de ser unanimidade, diz que “estamos longe demais das capitais”. Ainda sobre a mesma canção, iria mais longe, e parafrasearia: “Campo Grande é muito grande e tão pequena”.
A música de autoria do Engenheiros do Hawaii (agora com dois is) passou pela minha cabeça devido ao movimento Bom Senso Futebol Clube. Para quem anda com a cabeça nas nuvens, o BSFC é formado por jogadores das séries A e B do Campeonato Brasileiro e defende uma lista de reivindicações. Entre elas, tempo maior de férias, menos jogos por ano, e garantias contra falta de pagamento. O motivo é nobre e a ação tem apoio maciço de grande parte da imprensa, apesar de que a “principal”, aquela que paga para ter o direito de transmissão das partidas, estar em silêncio, só aguardando os próximos capítulos.
Existe até a ameaça do Bom Senso deflagrar uma greve nesta reta final do Brasileirão. Palmas, não há como ir contra. Os principais protagonistas do espetáculo tem de ser ouvidos e serem bem tratados.
E o que tem isto a ver com este história de “longe demais das capitais”? Simples, a realidade do movimento capitaneado pelos medalhões do Corinthians, São Paulo, Flamengo, Grêmio e Botafogo, entre outros, já acontece em centros mais desenvolvidos como o futebol sul-mato-grossense.
Ora, pois, vejamos. Na temporada 2013, dos 14 clubes que disputaram a Série A do Estadual, seis entraram em campo 12 vezes. Seis deles atuaram um pouco mais, entre 14 e 16. Cene, campeão, Naviraiense, vice, e o Águia Negra, beliscaram a marca das 20 partidas. Até menor que a média exigida pelo Bom Senso, que pede mínimo de 36 e 72 partidas.
Em relação ás férias, o Bom Senso perderia de goleada por estas bandas. Enquanto Elias, Seedorf, Dida, Rogério Ceni reivindicam até 60 dias, os dirigentes de grande parte dos times das séries C e D (em que encontra-se o Mato Grosso do Sul), contemplam com seis ou até oito meses de descanso os nobres jogadores. Não é uma maravilha?
Lógico que não. O Bom Senso só vai fazer jus ao nome se conseguir dobrar os cartolas lá no topo, no “futebol de verdade”, e depois, fazer com que cause um efeito dominó, ou efeito curtir, efeito retweetar, efeito mala direta, efeito publicar, nas regiões onde hoje, se joga o “futebol de mentirinha”, que engloba a maioria dos times da Série C, série D, e todos os Sem-divisão.
Casos os benefícios fiquem somente na “elite”, como já acontece no Brasil como tantas coisas tão ou mais importantes, o Bom Senso será uma grande chance desperdiçada para mudar o futebol e, talvez, muita desigualdade que a gente vê e sofre no dia a dia.

Estadual, Copa Verde... vale a pena dar um voto de confiança?

Nesta semana, foi lançada a tal Copa Verde. Quem? É, Copa Verde, torneio criado pela CBF com times da Região Norte e Centro-Oeste. Por trás, apoio do canal de televisão Esporte Interativo e empresa que tem como um dos homens-fortes Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo e conhecido por métodos, digamos, questionáveis, na condução de clubes e eventos.
 O torneio terá o Amarelão como representante de Mato Grosso do Sul e, segundo os organizadores, vale vaga para a Copa Sul-Americana. Estudiosos defendem que o ser humano tem medo do novo. Sobre esta tal Copa Verde, que foi lançada no Rio de Janeiro (não, cariocas não participarão, eles são região Sudeste, Su-des-te, por favor, não me pergunte porque o lançamento não foi em algum Estado do Norte ou Centro-Oeste), estou mais humano do que tudo! É esperar para ver,
Já sobre o Sul-Mato-Grossense 2014, a ser lançado na segunda-feira em Campo Grande, os questionamentos e o otimismo seguem os mesmos de sempre. A expressão “quero voltar para o futebol de verdade” proferida por um jogador após o Estadual deste ano ainda late na minha cabeça. Não sei se por discordar, ou por, saber que tem um pouco ou muito de verdade.

*É editor de esportes
lucianos@oestadoms.com.br
twitter: @KishoShakihama

www.blogdokisho.blogspot.com

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