Fico sem graça com gente que quer tudo de graça

Quantas vezes você já ouviu alguém falar, às vezes até este que escreve, já disse ou pelo menos pensou: “Ah, é de graça? Então eu vou”, ou “Só vou se for de graça”, ou “O quê, tem de pagar? Tô fora”, ou o “Larga mão de pagar, faz isso, aquilo, clica lá e pronto, de graça”.
Mas, sinceramente, de uns tempos para cá vem ficando mais recorrente: me pego achando isto uma praga. Uma chatice. Ainda mais, quando a pessoa notadamente tem condições de pagar pelo produto/serviço/xhow/etc e tal.
Não sei se tal mania de conseguir tudo gratuito, ou quase, anda lado a lado com o “levar vantagem em tudo”. Talvez seja um exagero, mas nestas situações recolho à minha insignificância e apenas ouço o espertão. Para evitar discussões, ou até não se passar por chato.
Lógico, tem o outro lado. Muitas coisas aqui neste Brasil varonil possuem preços abusivos. Abusam da nossa boa vontade. Mas, sei lá, boicote, proteste, opte por uma opção mais em conta, ou faça um esforço, ajunte uma grana e compre.
O lance de “ser de graça” é complicado. Eu não trabalho de graça. Dá um dez tipos de sentimento ruim quando alguém me pede uma ajuda ou, pasmem, um exemplar do jornal que trabalho (puxa, o preço já é tão em conta, ou como dizia a antiga propaganda “Tá barato!”). 
Imagino que pouca gente trabalhe por hobby.
Então, medir a “validade” das coisas é tarefa difícil. Por quê seu esforço vale a pena ser pago? Faça de graça, qual o problema? Conseguir as coisas sem gastar não é mais divertido?  Qual é o índice, termômetro, consultoria, pesquisa que dá o direito de desvalorizar o trabalho do outro?
Vixe, chega por hoje. Ainda é terça-feira. E está sem graça. 

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