O melhor são os comentários?!
Você já deve ter ouvido isto
né? Que o melhor dos textos ou matérias publicados na internet são os
comentários. Alguns bons, outros ridículos, engraçados, ou ridiculamente
engraçados.
Lógico que não estou falando
do blog deste que escreve. Quem sabe um dia chego lá (ou não). Os textos feitos
por mim, ou às vezes, copiados, são... sem comentários.
Por isso, o control C control V desta semana vai para texto de gente grande. Leia aí, pois acho que vale a pena. Depois você vai no original e comente. Ou apenas desfrute dos comentários já incluídos. Boa leitura.
Por isso, o control C control V desta semana vai para texto de gente grande. Leia aí, pois acho que vale a pena. Depois você vai no original e comente. Ou apenas desfrute dos comentários já incluídos. Boa leitura.
Artigo de Jean Wyllys / Carta
Capital
'Você quer saber quanto recebe
um deputado?'
Antes de mais nada, vamos
esclarecer uma coisa. Eu não disse que os deputados “ganham pouco”, nem que o
salário de um deputado seja igual ao de um professor, como estão dizendo por
aí. Também não disse que a Bíblia é "uma palhaçada" e que os cristãos
são "doentes", e nem defendi a pedofilia — um crime horrível, que
combato como integrante da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Tudo isso é mentira. Por isso, eu peço a você: quando achar no Facebook ou no
Twitter uma mensagem que diz que "o deputado Jean Wyllys disse
que...", seguida de alguma barbaridade, não repasse sem checar a
informação. Já inventaram até entrevista falsa à CBN, que a própria emissora de
rádio desmentiu. O fato de eu combater a máfia fundamentalista e corrupta que
quer fazer do Brasil uma teocracia à moda do Irã faz com que eu seja alvo de
campanhas difamatórias por meio das redes sociais.
Eles (ou elas), responsáveis
por essas campanhas, não aguentam que um gay assumido e orgulhoso ocupe o
espaço de representação que eu ocupo na Câmara dos Deputados — e morrem de ódio
quando os jornalistas me escolhem, pela terceira vez, como um dos dois melhores
deputados do país.
Mas o objetivo deste texto não
é falar das campanhas difamatórias dos criminosos de “mala cheia”. Comecei por
aí para falar com você sobre um assunto que há muito tempo eu quero tocar: o
salário dos parlamentares. Consultado pelo apresentador Marcelo Tas, a partir
da pergunta de um internauta que acompanhava a entrevista, sobre se o salário
de um deputado era excessivo, eu respondi que não, que não acho que seja. E não
acho mesmo, sou sincero, não gosto de hipocrisia: dizer o que não penso para
agradar o outro. Também expliquei ao Marcelo que, no meu caso, feitos todos os
descontos, o que eu recebo é QUASE o que eu recebia como professor
universitário, com 40 horas-aula, dedicação exclusiva e coordenador de um grupo
de pesquisa numa universidade particular. Eu nunca disse que fosse pouco nem
que todos os parlamentares recebessem o mesmo que um professor. Apenas falei do
MEU CASO.
Mas eu não tenho nada a
esconder. Você quer saber quanto eu recebo?
Meu salário bruto como
deputado federal é de 26.723,13 reais, mas tem descontos. Na folha, são
descontados 2.939,54 reais da seguridade social, 5.702,61 reais de imposto de
renda, 235 reais do clube do Congresso, 781,64 do plano de saúde da Câmara (que
inclui o plano da minha mãe, como dependente). Além disso, eu pago cada mês
3.000 reais de contribuição partidária ao diretório nacional do PSOL e 2.000
reais ao diretório estadual do Rio de Janeiro.
Sim, o PSOL é um partido pobre
e honesto, que não recebe dinheiro da corrupção nem arranca do bolso dos fieis
de alguma igreja caça-níquel, nem aceita contribuição de campanha de
empreiteiras, empresas de transporte, bancos ou multinacionais. Somos um
partido sem grana, mas com princípios, e isso permite que eu possa, como
deputado, combater o fundamentalismo, denunciar a corrupção e defender os
interesses do povo, porque não devo favores a ninguém.
Eu posso votar ‘não’ ao Código
Florestal porque nenhum fazendeiro pagou minha campanha. Posso denunciar os
leilões do petróleo e falar de energia sustentável porque não recebo um tostão
das corporações do petróleo. Posso defender o passe livre porque não recebi
dinheiro de empresários do transporte.
Feitos os descontos da
seguridade social, imposto de renda, plano de saúde, contribuição partidária,
etc.,o que entra no meu bolso cada mês é menos do que eu receberia hoje, com a
minha qualificação, se trabalhasse no setor privado. Apesar disto, ainda é um
bom salário, não nego (se comparado ao salário mínimo, claro, mas não se
comparado a de um executivo do setor transporte ou ao de alguns dos servidores
do próprio Congresso ou ao de um apresentador de tevê), mas um salário que
QUASE corresponde ao mesmo que eu ganhava quando professor 40 horas e com
dedicação exclusiva do ensino superior privado, só que com MUITO MAIS TRABALHO
E RESPONSABILIDADES que quando eu era só professor.
Durmo uma média de 4 horas por
dia para dar conta do volume de trabalho. Além da análise e escrita de
pareceres de projetos que tramitam nas comissões das quais faço parte -
Comissão de Educação e Comissão de Cultura - há os projetos que estão em
plenário. Somado a isso, coordeno duas frentes parlamentares (a Frente
Parlamentar pela Cidadania LGBT e a Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento à
DST/HIV/Aids), sou um dos coordenadores colegiados da Frente Parlamentar pelos
Direitos Humanos e sou membro assíduo da FrenteCom (pelo direito à comunicação
e à liberdade de expressão). Sou vice-presidente da CPI da Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes; da Comissão Especial do Ensino Médio e coordeno a
subcomissão de Cultura e Direitos Humanos.
Acham que para por aí?
Não! Viajo todas as semanas
para diferentes lugares do Brasil para atender aos pedidos da sociedade civil
organizada de palestras, debates e conferências; e estas exigem, de mim, além
do deslocamento e da ação, o preparo das mesmas. Ideias não caem do céu! Exigem
leitura rigorosa! Não cobro por nenhuma dessas atividades fora da Câmara porque
as considero parte de meu trabalho como parlamentar. Mas atender a essas
demandas exige tempo e estrutura, e esta é garantida pela verba parlamentar.
Não bastasse este trabalho, sou colunista da CartaCapital e do iGay,
colaborações pelas quais não recebo um centavo, e atendo aos pedidos da
imprensa, por considerar a comunicação parte de minhas atividades. E, como
cereja do bolo, ainda sou obrigado a tolerar toda sorte de insultos e ameaças de
morte por defender o tema dos direitos humanos de LGBTs.
Muitos e muitas vão me
perguntar: se é tão difícil, por que você não largo tudo? Ora, pela causa: É
uma questão de dignidade, é uma questão de vida
Em momento algum disse que um
professor ganhava o justo; apenas disse que, embora tenha aumentado bastante
meu volume de trabalho em relação ao que eu tinha quando professor 40 horas e
dedicado exclusivamente a tal tarefa, meu salário pouco aumentou. Não reclamei
do salário. Reclamei da estupidez de quem acha que TODOS os deputados e
deputadas ganham muito para trabalhar pouco (pode até haver, mas não é meu
caso; e eu só falei de mim). O resto é deturpação para fins de difamação.
Existe a verba parlamentar e a
cota para salários de funcionários e algumas pessoas, por ignorância ou má fé,
somam esse dinheiro ao salário e dizem que os deputados recebem dezenas de
milhares de reais por mês. Mentira.
Eu sempre vivi do que eu
recebo pelo meu trabalho, seja como jornalista do Correio da Bahia e de G
Magazine, roteirista da Globo, professor universitário ou deputado federal. E,
quando não for mais deputado, continuarei trabalhando, como sempre fiz — como
faço, porque ser deputado também é um trabalho. E é muito trabalho.
Desconfie dos políticos que
dizem que um parlamentar deveria receber um salário mínimo e não ter verba
parlamentar. Eles estão mentindo para você. Eu prefiro ser politicamente
incorreto, mas dizer a verdade. O que precisamos é aumentar o salário mínimo
(como o PSOL defende) e não reduzir o salário dos parlamentares. Com baixos
salários e sem recursos para montar uma equipe de trabalho que possa dar conta
da responsabilidade que significa um mandato parlamentar, só os ricos e os
corruptos iriam se candidatar. Afinal, eles têm o caixa-dois.
Hoje, felizmente, ainda há
muitos deputados e deputadas que vivem do salário e usam a verba parlamentar
com transparência. Parlamentares como eu, que trabalhamos pelo povo. Não somos
tantos como é preciso, nem tão poucos como você pensa.
Do seu voto depende que
sejamos mais.
Ah, os comentários podem ser lidos no link de origem:
http://www.cartacapital.com.br/politica/voce-quer-saber-quanto-recebe-um-deputado-8802.html
Foi mal não ter copiado também os comentários. Preguiça mesmo. Achei que o espaço por aqui já está muito grande.
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