No Estadual deste ano, quantos jogos podemos chamar de clássicos
Texto publicado na edição de
sábado (2) do jornal O Estado MS
Legal o clássico entre
Flamengo e Vasco. Seis gols, bola na trave, pena ter pouca gente. Dezesseis mil
torcedores para verem um Fla-Vas é de lamentar. Loas aos dirigentes, que
elaboram estas tabelas sensacionais.
Esta preliminar foi só para eu adentrar em um
assunto, a pedido do companheiro da Redação, que veio com a seguinte provocação
acerca da rodada deste fim de semana do Sul-Mato-Grossense. “Cene e Novoperário
pode ser considerado um clássico?” Olha, isto não é forçar a barra. É quebrar a
barra, mesmo, tipo avalanche. Ah, alguém pode argumentar que é para promover o
campeonato. Desculpa aí, mas, na medida do possível, a gente tenta ser
jornalista,
não promoter, promotor de
eventos. Ou como diria o ótimo ator Gero Camilo, no filme bom, mas nem tanto
Carandiru: sem chance.
Tudo bem, vamos admitir que a
definição de clássico não é lá muito bem definida no futebol. Mas, no caso do Estadual,
prefiro adotar o nobre termo quando o jogo envolve times com títulos
sul-mato-grossenses. Se é para promover, vamos por merecimento. Assim, neste
ano, as equipes que já deram a volta olímpica são sete: Cene, Chapadão,
Comercial, Ivinhema, Corumbaense, Naviraiense e Águia Negra. Partidas que
reunirem times desta lista são clássicos. Aos demais, vamos com calma. “Mal
chegou e já quer sentar na janelinha”, alguém já disse isso.
Fora de Mato Grosso do Sul, os
estaduais andam tão desiguais quando os times que haviam formado o Clube dos
Treze enfrentam os demais, que clássico é só quando envolvem os grandes mesmos.
Por exemplo, no Paulista, os times da Portuguesa, Ponte Preta, Guarani,
Bragantino, há muito tempo
estão longe de campanhas consistentes. No Rio, Bangu e América... sem
comentários. Assim como os times de Caxias no Sul, e o Vila Nova e América-MG
em Minas. Sinal dos tempos e da, cada vez maior, centralização do dinheiro nos
principais clubes.
Por sorte (mesmo), não houve
mortos no jogo do Grêmio com a LDU, que valeu vaga para a fase de grupos da Libertadores.
Seria muita crueldade com um Estado que ainda tenta cicatrizar e entender o que
aconteceu em Santa Maria. Nada de esquecer, por favor. Se não, o risco de acontecer
outra tragédia será grande.
Volto sobre a arena do Grêmio.
Sem entrar no mérito se a torcida é culpada por fazer aquele tipo de
comemoração, a questão é: ninguém fiscalizou o material e a estrutura ali empregados?
Há de se lembrar também, que o Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu
por diversas vezes a interdição temporária do local, cobrando melhorias tanto
fora (locomoção, vias de acesso) como dentro do estádio (espaço reservado a
deficientes, por exemplo). O clube, no
pior estilo “jeitinho brasileiro”, conseguia mandar seus jogos por meio de
liberações a cada partida. E, agora, anuncia que fechará o setor aonde
aconteceu o acidente.
Por que não aproveitar e
(re)fazer uma inspeção geral? É costume dizer que os aparelhos eletrônicos e
eletrodomésticos não duram tanto quanto os de antigamente. Mas, construções
são coisas sérias. Ou deveria
ser, pois, de jeitinho em jeitinho, de Palace 2 a Palace 2, sujeitos poderão
morrer. E de nada adiantará pôr em lápides os seus predicados.
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