Campo Grande, 113 anos, e um futebol nada (de) clássico
Luciano Shakihama
(texto publicado na edição de sábado (25) do jornal O Estado MS
O fim de semana de coincidências terá rodada do Brasileirão
recheada de clássicos e, no domingo, o sopro das velinhas da Cidade Morena. E, confesso, campo-grandense que sou, a minha
frustração. Um domingo vazio, sem clássico. Aliás, sem o principal jogo da
cidade, o Comerário. Desculpe-me até os cenistas. Mas o Amarelão com seus quase
12 anos de criação ainda não possui identidade com a Capital que possui o
Esporte Clube Comercial e, tampouco, a tradição do Operário Futebol Clube. O
Galo da Capital, combalido, hoje quase esquecido, ainda é o principal nome de
time de futebol do Estado quando você está fora de Mato Grosso do Sul. Fique à
vontade para tirar a prova.
Já o Cene parece teimar em não querer fincar raízes e prefere
abdicar de atuar em seu próprio campo e mandar jogos em Dourados, a custo de
ver sua média de público na série D, que já não foi aquelas coisas em 2011 cair
para quase a metade neste ano. Tudo bem, o clube é novo, quem sabe um dia o
Amarelão se torne um grande aos olhos campo-grandenses.
Dias atrás ouvi coisas do tipo “Portuguesa (de Campo Grande)
e Novoperário farão o clássico do fim de semana no Estadual da Série B”. É brincadeira,
né? Diria um ex-chefe com quem trabalhei, que tal afirmação é bater carteira do
leitor/ouvinte/telespectador/torcedor/e outros
tipos de dor. Dói é no ouvido. Menos, menos... Quem sabe
daqui a uma, duas décadas, títulos na série A do Estadual, participação em
torneios nacionais para virar clássico.
Aliás, eis algumas definições sobre significados da palavra
clássico: “Considerado como um modelo do gênero: obra que se tornou clássica.
No futebol, jogo entre
equipes de dois clubes importantes.” Puxa, sempre li estetipo
de artimanha em jornais, revistas, televisão, e hoje não iria perder a chance. Comercial
e Operário, juntos, somam 17 títulos sul-mato-grossenses em 33 disputados, ou
seja, a dupla faturou mais de 50% dos campeonatos. Captou?
Acima de tudo, Comercial e Operário são, sim, Campo Grande!
Por mais que a geração atual e as nem tão novas assim vistam as cores dos times
de São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul, o que não deixa de refletir o jeito “tamo
junto e misturado” dessa cidade, tradição é tradição e não é somente um grupo musical. E, felizmente, a dupla Comerário
tem de sobra. Só falta ter de novo o futebol para atrair a torcida, ou poder
levar meu filho ao Morenão.
Mas, aí é querer demais de presente de aniversário para a
cidade. Este pedido está longe de constar na lista dos dirigentes locais e
estaduais. Pelo menos, por ora, hora, dias, semanas, meses, anos... Deste modo, o nosso maior
presente vai continuar sendo o passado de glórias.
É isso aí, Kishô! Assim como aqui não temos mais nenhum clássico da cidade, como já foi Corumbaense e Marítimos, vivemos na saudade e na esperança de melhores tardes para o futebol e pelo menos a volta do Carijó para a primeira divisão. (Nelson Urt)
ResponderExcluirFala, Nelson Urt, quem sabe, um dia né. Esperança tem de termos sempre.
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