Prepotência é critério para ser técnico da seleção?



Alguém aí sabe se para ser técnico da seleção tem de ser ufanista ou pagar de linha-dura?
Puxa, não sou tão velho assim, mas desde que me entendo por palpiteiro de futebol os “professores” são de uma empáfia quando assumem o cargo que, talvez só tenha menos pressão do que a presidência da república.
Antes da Copa de 1986, o hoje idolatrado (merecidamente) Telê Santana, conhecido por ser linha-dura, barrou o então atacante Renato Gaúcho, afastado do grupo por indisciplina. Em solidariedade ao colega, o lateral Leandro não apareceu no aeroporto. Detalhe: anos depois, o mestre Telê elegeu Leandro como o melhor lateral-direito de todos os tempos. Detalhe 2: Renato Gaúcho estava em ótima fase, e um ano após o Mundial do México, ajudaria o Flamengo ao título brasileiro com atuações memoráveis.
Em 1990, Lazaroni quis implantar goela abaixo o sistema europeu-retranqueiro. Não aceitava críticas e empurrou goela abaixo uma equipe medíocre.
Em 1994, Parreira e Zagallo tratavam o futebol como uma questão de soberania. Armava o time claramente na defesa. Ou quem não se lembra, quando questionado do ataque fazer poucos gols, Parreira soltou a famosa pérola: o gol é um detalhe.
Antes da Copa de 1998, Zagallo radicalizou geral. Muito bom técnico (só olhar o currículo), mas o tal do “vocês vão ter de me engolir” foi para acabar.

Tempos atuais: Felipão interrompe um jornalista que se preparava para fazer perguntas depois do jogo com o Uruguai e reclamou. “Posse de bola: 65% para o Brasil e 35% para o Uruguai. Passes: 425 para o Brasil e 250 para o Uruguai. Finalizações: 19 a 10. Faltas. Faltas! 14 do Brasil e 24 – viu? – do adversário”, declarou o treinador, antes da crítica. “Tem uma televisão que joga contra o Brasil. Que só induz o árbitro, que o Neymar faz isso. Que nosso time bate, isso e aquilo. É hora de canalizar esforços para o Brasil. E não contra o Brasil”, disse com um sorriso. Antes de pedir a palavra outra vez: “Não estou voltando a ser ignorante não, viu?”
Como assim? Tevê não entra em campo. Que isso de ser contra o Brasil? Calma, lá. Crítica faz parte, elogios também. Ignorante? Que que foi, bebeu?
Oras, se o próprio admitiu que o time não jogou tão bem, para que tamanha ironia. Sei lá, coisas assim são chatas para caramba. E, o pior, muita gente acha que está certo. Vai vendo.
Ah, só para constar, ainda assim, segundo dados do Footstats, a seleção ainda é o time com maior média de infrações na Copa das Confederações: 20,2 por jogo. O Uruguai, com 18,2 faltas, vem na sequência, seguidos pelo México. A Espanha, com 10,7, só não faz menos faltas que o Taiti, que convenhamos é café com leite.

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