Pós punk em português não é blasfêmia, Jovens Ateus
Tá ligado, Joy Division, né. Motorama, talvez (também fiz uma resenha dos russos por aqui). Ficar nessas duas pra dizer que Jovens Ateus lembrou eles. Cheguei ao som dos caras de Maringá, interiorzão do Paraná, agora radicados em São Paulo SP, pela dica do podcast Resumido
A formação do quinteto começou lá por 2020 durante a pandemia. Dei uma pescoçada e, pelo que entendi, aos poucos, o grupo começou a ganhar espaço e foram para a cidade grande porque, infelizmente, hoje ainda é bem mais difícil viver de arte fora do eixo sudestino.
Neste ano, a banda composta por Guto Becchi (vocal), Fernando Vallim (guitarra), João Manoel (guitarra), Bruno Deffune (baixo) e Antônio Bresolin (sintetizador, bateria), lançou o Vol.1. Primeiro álbum com onze faixas.
“As memórias que me levam
Ações que morreram
Das lembranças que me restam
Já não sobra mais nada”
O trecho acima é Espelhos e reflete mais ou menos o material da Jovens Ateus.
Em humilde opinião, fazem um competente som influenciado na melancolia das bandas citadas no comecinho do texto. Sintetizador, guitarras, baixo, fazem recordar o tom cinza que habitou em Ian Curtis, Robert Smith, Renato Russo. Óbvio, sem comparações. Com Motorama, de repente rola (agora Caerus ficou na cabeça)
Claro, se considera blasfêmia “transformar” o estilo para cantar em português, nem tenta. Repito, não dá para por na mesma balança medidas diferentes.
“Perco memória de contato humano
E honestamente, estranho
Desapareço em passos lentos
À procura de um olhar ou gesto”
Essa parte é de Passos Lentos. Tem clipe. E o tipo de bolo igual ao da capa do disco. Foram dois, um para cada momento.
O interessante é que, segundo eles, não é para levá-los muito a sério. Por este motivo, o álbum tem uma porrada mais pesada – meio hardcore, meio metal – Saboteur Got Me Bloody. Momento aleatório: em uma parte tem riff de guitarra que parece música do No Name. Quem conhece o trampo dos manos daqui de Campão – podiam voltar a tocar de vez em quando - vai sacar. Ou, não, viajei.
A última faixa é uma imersão no techno. Twinturbo Mixtape, também dá uma quebra no pós-punk da Jovens Ateus. Que, aliás, o nome poderia realmente ser pela opção não-religiosa dos integrantes. Entretanto, é devido ao nome de uma faixa dos paulistas da Muzak, anos 80.
Antes do álbum, ainda no Paraná, rolou um EP . Vale a pena dar uma escutada.
“Cheguei aqui, não me senti Bem-vindo
Não é a primeira vez que isso me acontece
Tão sufocado, não respiro mais
Ninguém se importa com meu bem estar
Minha presença indesejada
Talvez seja culpa minha
Mas não vou embora agora
Então me mate antes do dia acabar”
Tem uma entrevista deles para o programa Cultura Livre, da TV Cultura de SP. Se quiser conhecer mais o quinteto. Clica aqui.
É isso. Não é “caraca, que sonzera”, ou “é bem diferente, hein”. Tá mais para ficar sussegado, na sua. Ou, vendo paisagens. Imaginando. Pensando. Ah, é por aí.
Sei lá se você vai gostar. Eu curti.
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