Só tropecei agora em Manal, classicão do blues argentino
Em uma das cenas de O Eternauta, Juan (Ricardo Darín) está com um grupo de sobreviventes meio borocoxô e tal. Daí puxa uns versos em que o refrão é “Jugo de tomate frío! Jugo de tomate frío! En las venas, En las venas, deberás tener!” (Suco de tomate frio! Nas veias deverá ter!).
Cito a passagem pra ilustrar que não conhecia o som da Manal. Os caras foram um dos percursores do rock argentino e pioneiros do blues cantado em castelhano.
O trio formado em 1968 em sua formação original reuniu o guitarrista Claudio Gabis, Javier Martinez na bateria e voz, e Alejandro Medina no baixo e voz.
O álbum que leva seu nome de 1970 é clássico por lá. Com justicia. Além de Jugo de Tomate, entre outras faixas boas, contém Avellaneda Blues, e Porque Hoy Nací. Esta última é a que acompanha o encerramento da produção da Netflix. Letra em modo puro suco de blues:
Hoje eu entendo o que está acontecendo, sim
Hoy adivino que me pasa, sí
Porque meu nome não sou eu
Porque mi nombre no soy yo
Porque não tenho um lar
Porque no tengo una casa
Porque estou sozinho e nem existo
Porque estoy solo y no soy
Porque hoje eu nasci
Porque hoy nací
Tem como não perceber, né. El Eternauta foi o caminho que foi dar em Manal. Creio que o diretor Bruno Stagnaro também. De lá também que foi me apresentada a divertida No Pibe. Cara, o som é de 1969, a gente conhece pouco mesmo do que acontece logo ali ao lado. Gabis, Medina e Martinez faziam um som que deve nada aos tiozinhos do sons bancados em inglês. A influência caiu bem.
“Você não precisa ter carro
No hay que tener un auto
Nem relógios que custam meio milhão
Ni relojes de medio millón
Quatro empregos bem remunerados
Cuatro empleos bien pagados
Ser uma estrela de televisão
Ser un astro de televisión
Não, não, não, não, garoto
No, no, no, no, pibe”
Ficarei nessas, mas tem mais sons legais deles. Confia.
Literalmente, o que é bom dura pouco. O trio se dissolveu em 1971. Dez anos depois se reuniram para umas apresentações e tal. Porém, nada muito consistente. De lá para cá, se encontraram outras vezes mais para homenagens e lembranças.
Javier Martinez faleceu em maio do ano passado. Tinha 78 rotações. Ops, 78 anos.
Alejandro Medina, hoje com 74, segue por aí. Depois de Manal, ele integrou a Billy Bond y La Pesada del Rock and Roll. Sinceridade, não escutei, mas parece que foi uma puta banda. Vou dar uma escutada uma hora dessas.
Claudio Gabis, 76, se tornou instrumentista respeitado. Segundo a revista Rolling Stone argentina, é um dos cinco melhores guitarristas do país no seu estilo. Entre outras coisas que fez depois de Manal, também passou pela Billy Bond y La Pesada del Rock and Roll.
Em 2015, ganhou um prêmio, na categoria instrumentista, para quem serve de exemplo para a juventude.
É isso, fica a dica. Conheci só agora, rock em espanhol classicão e muito legal.
Se curte um blues de boa, tipo Bêbados Habilidosos das antigas, pode ir sem medo. Eu mesmo vou ouvir mais dos caras.
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