Dos anos 70, animação Planeta Fantástico é um achado artístico

 

Esses algoritmos às vezes dão bom. Instiguei a assistir Planeta Fantástico por ao menos duas razões. É uma animação, e com chamariz de, em 1973, receber o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes.

Daí calhou dele ter pouquinho mais de uma hora (72 minutos para ser exato), e, beleza!, caiu perfeito para ver qualé que é antes de esboçar a janta do domingão. De quebra, em instante raro como alinhamento dos planetas, meus críticos preferidos toparam ver o longa.

No momento Só Assisti Agora da vez, La Planète Sauvage (título original), é ficção científica com ares filosofais, sociais, e muito, muito acurado na parte artística-criativa. Vai fundo no psicodélico, lisérgico, e tal. Ainda mais se levar em conta que foi produzida há 52 anos. Eu nem tava nos planos de vir a este mundo. Ao passo de que os principais responsáveis por esta obra atemporal não estão mais por aqui.

A animação coproduzida entre França e a então Tchecoslováquia (hoje dividida em República Checa e a Eslováquia) – em plena Guerra Fria, doido né - foi dirigida pelo francês René Laloux (faleceu em 2004, aos 74 anos) e baseada no romance Oms en série, do também parisiense Stefan Wul, (foi-se em 2003, aos 81).

Basicamente, a história se passa no planeta Yagam, dominada pelos Draggs. Essa galera é gigante perto da raça humana. A gente é da raça Oms e a impressão é a de que homens e mulheres – pequenininhos aos olhos dos dominantes – são tratados como animais de estimação e/ou pragas/selvagens que estragam plantações por exemplo.

No meio disso, copiei mais ou menos de um texto do site Cinema Clássico

"Tiwa, uma criança Draag, adota um bebê Om, órfão após sua mãe ter sido morta por mera diversão. Ela brinca bastante com o pequeno e dá o nome de Terr, que consegue ter acesso aos conhecimentos passados. Os Draags se incomodam com essa raça que começa a se desenvolver e começam a arquitetar meios de destruí-los.”

Eis outro Control C, “baseado no surrealismo de Salvador Dali, René Laloux e Roland Topor utilizaram como técnica a animação de recortes, que utiliza cenários e personagens recortados de fotografias”.

Dá para interpretar a obra de diversas maneiras. Por exemplo, lembrei de Planeta dos Macacos, da dificuldade (nos tempos de hoje, talvez mais acentuada) de povos diferentes conviver juntos, da religião como forma de suprimir o conhecimento, a educação, e, ter uma pegada pacifista no fim das contas. Sobre esta última observação, a filhota não concordou muito e, por cima, ela viu analogia com a Revolução Francesa. Eita, não pensei nisso, mas de repente é uma também.

Esses pitacos correram durante o rango, após a sessão cinema em sala. Assistimos na Mubi. Meu filho ainda apresentou outra análise baseada no processo de desumanização e dominação. Esse pessoal é cabeça...

Reconheço, dá uma alegria quando eles gostam de algo que sugiro. Coisa de pai, talvez. Receio de ficar querendo empurrar as coisas, e rolar sentimento, putz, lá vem ele com essas coisas nada a ver. O novo sempre vem, né. Mas, eu me controlo. Ou, tento.

Sei que a animação caiu no exigente gosto dos meus “personal especialistas” quando perguntei sobre a trilha sonora. Temi que considerariam os arranjos sem vozes um tanto monótonos. Pô, adoraram! Figuei surpreso, sério.

O climão musical acompanhou o nível do filme, segundo a dupla. O instrumental sci-fi é influenciado pela formação jazzística – conforme a Wikipédia - que ficou a cargo de Alain Goraguer, que também era pianista.

O francês – este falecido há menos tempo do que os principais nomes envolvidos com o longa, se foi em 2023, aos 91 aninhos. Em sua biografia, trabalhos com nomes conhecidos como o de Serge Gainsbourg.

Escuto enquanto digito a trilha do filme e, na boa, exala mesmo ambiente de ficção científica.

É isso, poderia dizer mais coisas, abordar sei lá, os lances sociológicos e tal.

Porém, se chegou aqui, agradeço pela companhia, e vá ver ou rever. Melhor coisa que tu faz.


Se puder apoiar de alguma forma este que escreve, agradeço.

Qualquer coisa entre em contato.

Em caso PIX, a chave é blogdokisho2@gmail.com

Estou em modo Open to Work. E num perrengue daqueles.

Brigadão.


Quiser trocar ideia por meio das redes

Instagram – https://www.instagram.com/lucianokisho77/

Threads – lucianokisho77

Blue Sky - https://bsky.app/profile/lucianokisho.bsky.social

Substack - @lucianokisho

X/Twitter - @KishoShakihama


Abraço

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.

Música clássica em Campo Grande dá bom sinais. Eu acho...