Se pensa que Pacarrete é ‘só’ comédia, você dança
Admiro Marcélia Cartaxo. Tudo bem, com um atraso de uns quatro anos, parei para assistir Pacarrete. Admito, um pouco por causa do “tem tanta coisa na lista” que tu vai deixando, deixando... Outro pouco foi devido a não ter tido acesso antes.
Aliás, Marcélia também está em produção bem mais recente: Lispectorante. Torcer para aparecer em alguma telona de Campão. Ou, vai, em algum streaming da vida sem muita demora. Curioso para assistir.
Pacarrete, se desconhece ou deseja relembrar, é de 2019, 2020. Cartaxo ganhou uma pá de prêmios por sua interpretação. No longa do diretor Allan Deberton, cearense nascido em Russas, ela protagoniza Pacarrete. Pego a sinopse lá da Wikipédia pois achei certeira.
“É uma bailarina incomum que vive em Russas, no interior do Ceará. Na véspera da festa de 200 anos da cidade, decide fazer uma apresentação de dança, como presente para o povo. Mas parece que ninguém se importa.”
A comédia de quase uma hora e quarenta minutos é baseada em uma professora de dança, Maria Araújo Lima, que viveu no município cearense – hoje com mais ou menos 73 mil habitantes – e era vista com respeito/compreensão por alguns – devido ao apreço pelo balé e conhecimento da cultura francesa – e “louca” pela maioria – por alguns hábitos excêntricos e temperamento forte.
Paralelo à luta de querer se apresentar no aniversário da cidade, mora com a irmã mais velha, a Chiquinha (Zezita de Matos), e a empregada Maria (Sola Lira). Diferente da personagem principal, as duas são bem tranquilas, jeitão de gente do interior, sossegadas, mas entendem e “aguentam” o jeito da professora que retornou de Fortaleza para cuidar de Chiquinha.
Fecha o núcleo principal o dono da bar, Miguel (vivido por João Miguel, que atuou entre outros filmes no muito bom Estômago). Ele é o amor platônico de Pacarrete, e a maneira que conduz/dribla as conversas/investidas dela são retratadas de forma deveras afetuosa. Assim como de maneira geral.
Chover no molhado que Marcélia Cartaxo dá show (com e sem trocadilho). Humor bem feito proporciona mais do que risadas.
Por outro lado, há doses de sensibilidade, drama, até o He-Man aparece no caminho da Margarida.
Allan Deberton retrata nas entrelinhas questões como solidão, frustrações, e, a dificuldade em aceitar o diferente em detrimento do “interesse da maioria”. Ou, no caso de Pacarrete, “poupar” ela de passar ridículo por antecipação. Afinal, questiona a autoridade, o que balé tem a ver com a cidade?
A trilha sonora composta por Fred Silveira e Márcio Câmara tem tudo a ver com a produção. Se escutar separada, até te transporta para o clima clássico de um espetáculo digno de um teatro bacana. Pra desfrutar ficando pianinho.
É isso. No grosso, o longa nordestino entrega mais do que as homenagens e lembranças a Russas por meio do idealizador e diretor, o Deberton. Bien que sans perdre en tendresse (alas, gastei o francês no tradutor, hein). Fiquê a diquê.
Ah, vi na Netflix. Creio que rola também no YouTube, Google Play, e AppleTV.
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