Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.

"Programa de rap na rádio em Campo Grande tem de ter. Mas, seria legal se respeitasse as músicas, palavra por palavra"


Que eu gosto de rap não é novidade. E, vou citar dois: GOG e Thaíde. O primeiro, do DF, que tem clássicos como Brasília Periferia (abaixo) , Periferia Segue Sangrando, e muita coisa.


O segundo, certeza, é mais conhecidão. Desde o “Meu nome é Thaíde”, até sei lá, várias coisas. “Apresento Meu Amigo”, cantado em verso e prosa em um show dos Temporadas Populares, na meiúca dos anos 90, em Campo Grande. Até um clip que, sou suspeito, gosto muito mesmo. Senhor Tempo Bom é clássico.



O motivo de lembrar dos dois? Eles não usam palavrão nas rimas, nos versos. Uma vez o GOG já falou sobre isso. “Estratégia para que as músicas atinjam o máximo de pessoas. O rap nacional tem músicas com palavrões bem colocados, como Sub-raça, para citar só um exemplo. Outros forçam, são desnecessários e sem sentido”. Explicação do Genival Oliveira Gonçalves à Piauí em 2010
Respeito, curto, talvez se eu tivesse esse dom de rimar escolheria este caminho. Mas, não tenho, paciência. Deixa para quem sabe.

Para mim, existem várias formas do artista mandar a sua mensagem. Se for com palavrão, tudo bem. Mano Brown, Ice Blue e Edi Rock fizeram obras-primas e fizeram-se escutar para fora do gueto com a força poderosa dos versos, palavras e palavrões. Queiram ou não, já entraram para a história da música brasileira. Quer você xingue ou não. Aliás, o hip-hop caminha de um jeito ou de outro. Mas, segue na correria.

E qual é a causa de abordar palavrão? É que neste fim de semana uma coisa me incomodou. Taquei a mão na frequência do rádio e topei com um programa na Educativa MS 104, só sobre rap. Bela iniciativa, ou parabéns por mais uma tentativa.
Daí que esperei o locutor mandar uma pá de salve. Parecia aquelas rádios do interior, que o caboclo manda abraço pro pessoal. Um por um. Tudo bem, vamos esperar que daqui a pouco rola música, pensei. E veio, Racionais em Vida Loca Parte 1. Muito bom, aguardei. E, na hora das rimas, censuraram os “palavrões”. Decepcionei.

Sei lá, pode ser que é para não ofender o ouvinte. Ou, coisa da direção. Vai ver que a produção do programa não veja necessidade. Mas, discordo. Se é para suprimir ou deixar subentendido, melhor nem por no ar. Seria como colar tapa-sexo em escultura histórica. Se rap, teoricamente, é protesto, não seria interessante deixar os caras se expressarem 100%?

Desculpa aí, os puritanos, mas palavrão você ouve no dia a dia. Molecada sabe até em inglês. Pelo menos fala fuck, motherfucker, shit. Se sabem o que significa, não sei. O mesmo caso se for para poupar a garotada com as letras em português. Na boa, quem já foi criança, lembra que mesmo que não entenda nada, vai por aí a falar umas palavras que a mãe ou pai depois dá uma bronca.
Por isso, citei o GOG e o Thaíde, e deve e tem muitos outros. Fica bacana também. Sem precisar mexer na obra de ninguém. 
Mas, se for para censurar um “foda-se”, “vadia”, o programa está um pouco fora de sintonia. 


Abraço. Ou, um salve a todos

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