Acordar às 6 para ver o jogo do Brasil foi bem amistoso

Devia estar na casa de uns dez graus. Dez para as seis da matina em Campo Grande e lá fui eu ligar a televisão para ver o jogo da seleção. O amistoso com a Argentina já era uma atração, no mínimo, pitoresca pela experiência de não ouvir aquela melodia de gosto duvidoso “eu sei que vou, vou do jeito que eu sei, de gol em gol, é taça na raça, Brasil”.

Clima de cobertor grosso à parte, o risco de o clássico mundial em forma de amistoso ser uma fria era iminente. Neymar, Casemiro, Daniel Alves, Marcelo de folga. Messi, Di Maria, Dybala, em campo. Acho que Tite fez de propósito. Saca, aquela coisa, “vamos ver se com essa colher de chá, tão quente como chimarrão, os nossos hermanos conseguem ganhar uma da gente”.

Não que o time que representou a única seleção já matematicamente classificada para a Copa do Mundo 2018 (a Rússia não conta por ser a dona da casa) fosse fraco. Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, Willian, Thiago Silva jogariam fácil em muito elenco do globo terrestre. É que, como diria Bezerra da Silva, em “malandro é malandro, mané é mané”, titular é titular, reserva é reserva.

E os argentinos queriam mostrar serviço para o novo técnico. Jorge Sampaoli teve quase nada de tempo para botar seu bloco na rua. E, pelo menos, a primeira impressão é a de que vai arrumar o território vizinho. Porque chegou com a missão de a coisa ficar russa em 2018.

No primeiro tempo, foi notável a diferença de atuação de Messi e companhia com o comandante que levou o Chile à inédita Copa América. Creio ser difícil a torcida de lá sentir saudade do Patón Bauza, que deve ter se arrependido de ter trocado o São Paulo pela pressão da nação que santifica Maradona e dela vive à sombra que parece uma maldição no país, que vive um jejum de 24 anos de títulos importantes.

Sampaoli e Tite armaram suas esquadras de modo semelhante. Pressione o adversário, roube a bola, mostre quem manda no campo e, em caso de erro do adversário, perdoar jamais. E, se tem uma coisa verdadeira neste mundo, é que o Mercado é implacável. O mecanismo de defesa do Brasil falhou e a Argentina impôs o gol que selaria a primeira derrota de Tite sob o comando da menina dos olhos da CBF.

Antes do segundo tempo, criei coragem, calcei o tênis com furo no solado e que no frio faz você sentir falta de uma calefação para os pés, pus a touca e o jaleco porque fazia 13 graus em Campo Grande. Partiu mercadinho perto de casa para voltar com uns pães franceses e achocolatado para a molecada.
A patroa passou um café para acompanhar e quem sabe o clima esquentar lá na terra estereotipada dos cangurus.

E, na etapa final do amistoso, os garotos melhoraram. Tal qual coisa de criança, brincaram de acertar a trave, uma vez, duas vezes seguidas, e perder boas chances de frustrar o rival, que em certa altura pareceu admitir a inferioridade e passou a só se defender. Brasil, que moral, hein?!

No fim, você já sabe, perdemos. Mas nada grave. Tite e comissão técnica devem ter feito as devidas análises após o teste. Haverá mais uma chance para o pessoal na terça-feira diante dos anfitriões.
Austrália? Será que vale a pena dar uma olhadela? Quem sabe.

Se quiser assistir, tem como. Se não, tudo bem. Só não venha com desculpa de que não tem onde ver o jogo porque o Bem Amigos não te avisou. Existem vários canais (tevê e on-line) para ver o jogo. Quanto mais opções, melhor. Acho que é mais ou menos o que Tite está a fazer lá na Oceania.
Abraço

*Texto meu publicado na edição de hoje (10) do jornal O Estado MS

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