Califórnia e os anos 80 não foram tão perdidos assim
Tropecei nesse filme depois de um post no Instagram. Há uns quatro meses, por aí. Califórnia, com C mesmo. O com K (Kalifornia) é bem mais conhecido, com Brad Pitt, Juliette Lewis e tal. E, mais antigo, de 1993.
O do momento Só Assisti Agora é brasileiro, dirigido por Marina Person, e saiu no fim de 2015, parece. Porém, ele é ambientado maomeno nos anos 1980 e em Sampa. O longa de hora e meia é de boinha. Já a maioria das músicas da trilha sonora dá uma bela playlist, cai como uma luva para o quarentão (e mais uns quebrados) que escreve as groselhas por aqui.
Cara, quando logo no começo do filme entra Joy Division é apelação. Depois tem mais coisas (Bowie, Cocteau Twins, Siouxsie And The Banshees). Não sei você, eu fico tentando lembrar o nome da música enquanto passa na cena.
Marina Person fez parte dos primórdios e da fase de ouro da MTV Brasil. Talvez por essa razão, quem viveu a época vai lembrar ou associar a pegada da edição, músicas, ideias e tal.
Pra variar optei por deixar de ler coisas sobre Califórnia, o filme. Posso dizer que para quem tinha pelo menos uns dez anos nos anos 80 vai gostar mais do que galera mais nova. Talvez – e, longe de ser a primeira vez – a impressão é do longa lembrar Confissões de Adolescente (o que acho legal) com filmes estrangeiros que enfocavam os dilemas do pessoal dessa fase.
Marina Person sutilmente deixa claro suas posições. Pensa, se o filme saiu em 2015, inevitavelmente pegou o clima pós 2012. Cujas consequências rosnam de forma brutal atualmente.
Ah, verdade, deixa rolar um pouco momento sinopse.
“Estela (Aren Gallo) é uma adolescente do início dos anos 80, que vive os conflitos típicos da idade, de descobrimento sexual e de convivência social. Ela possui um ídolo, o tio Carlos (Caio Blat), jornalista musical que vive nos Estados Unidos, e o maior sonho da menina é visitá-lo na Califórnia, durante as férias. No entanto, seus planos vão por água abaixo quando ela descobre que é ele quem está voltando para o Brasil com problemas pessoais”
Então, Caio Blat manda bem em seu papel. Quem faz o pai de Estela, é Paulo Miklos, cara medianamente versátil né, faz de papel infantil a adulto no mesmo nível.
Olha só, tem o JM, tipo aluno novo na escola de Estela que veio expulso de outro colégio. Interpretado por Caio Horowicz, nem sabia que ele aparece em Ainda Estou Aqui. Na televisão, ao que indica, ganhou projeção com a série Boca a Boca (2020), da Netflix.
O visual do JM – instante aleatório – lembrou o cara do The Verve no clip famosão da música Bitter Sweer Symphony. Com certeza, mesmo que não curta rock ou som internacional já escutou pelo menos uma parte desse som.
Eu sei, The Verve nem existia na época ambientada de Califórnia. O lance era JM parecer garoto que curtia The Cure, e sons punk rock brit pop daquela época. Enfim, bora lá.
O longa tá nada a fim de cair em uma seara pesada, militante, ou coisa parecida. Entretanto, finca posição para as questões da época como Aids, ditadura, homofobia, e drogas. Além das neuras – como sexualidade, aceitação, necessidade ou cobranças para si e para outros, outras, - que, penso eu, sempre vai acompanhar mais, ou menos, porém, sempre, garotas e garotos.
Tem lá o garotão popular, as amigas confidentes às voltas com menstruação e depois, virgindade, o pai superprotetor, a mãe que segura a onda, os clichês sem medo de serem clichês. Na caruda, mesmo. Ué, e o que que tem?!
E dá-lhe boas referências de som. Época da fita cassete, do disco de vinil e suas capas, algumas dignas de virar obra de arte. O bom gosto musical da história tem a parte nacional também, que vem de Metrô, Lulu Santos, Kid Abelha, Caetano Veloso.
Nos créditos, um alô para Robert Smith. O vocalista do Cure que não só liberou rolar som da banda, como confirmou a influência de Albert Camus. Põe agregar valor na obra, hein!
Em que pese meu limitado gosto musical, é das melhores trilhas sonoras de filmes nacionais. Se bobear, incluso exterior.
E é isso, Califórnia parte de uma premissa adolescente para mostrar que a década de 80 no Brasil não foi tão perdida assim. E há problemas que permanecem e permanecerão atuais.
Para assistir, jogue no Google: assistir califórnia (filme) . Falou.
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