Tem coisa boa no álbum novo do Pearl Jam
*Atualizado às 20h38 do mesmo dia porque consegui errar o Peal, ops, Pearl, no título.
We used to laugh, we used to sing
Nós costumávamos rir, nós costumávamos cantar
We used to dance, we had our own theme
Nós costumávamos dançar, tínhamos nosso próprio tema
Hurting yourself is playing to see
Machucar a si mesmo é pagar para ver
I think you're hurting yourself, just to hurt me
Eu acho que você está se machucando, só para me machucar
Opa, beleza?!
Reconhece o trecho aí de cima? Faz parte da primeira faixa do novo álbum do Pearl Jam lançado neste abril, de nome Dark Matter (Matéria Escura). Ou seja, se não é fã da banda ou do gênero, pode ficar por aqui. Se tiver a fim de seguir, sempre um prazer.
Então, depois de quatro anos, Eddie Vedder, Jeff Ament, Stone Gossard, Mike McCready e Matt Cameron voltam a mandar coisa nova. Sinceridade, estou longe de ter escutado todos os sei lá, doze discos de estúdios. Fui parando e parei no Yeld (1998, com o petardo áudio e visual Do The Evolution – clipe com arte do Todd McFarlane), e escutei o Gigaton, de 2020, o último antes do Dark Matter. Para ter uma base e tal.
Em minha defesa, molecão e depois nem tanto, escutei muito o Ten, primeirão da banda, icônico, de 1991. Creio ter falado disso, quando ainda se vendia CD em lojas, comprei três vezes porque sempre dava ruim (perdia “emprestado”, sumia de casa, riscava sei lá como…). Até que desisti.
Além disso, é mais uma desculpa pra eu falar da banda. Última vez que toquei no nome Pearl Jam foi em julho de 2020, quando cito o “Let’s Play Two” no post Dez coisas aleatórias para (re)ver em clima de rock
Fim da seção embromation.
Dark Matter vale a pena ganhar uma chance.
Tem 11 músicas em quase 50 minutos. Meterei o bedelho em várias delas. Se deixei de falar de uma ou outra canção, é só questão de priorizar mesmo e evitar encher (mais) linguiça.
O álbum, como dito lá em cima, começa com Scared of Fear e traz boa primeira impressão. Tem pegada das antigas.
Na sequência, engata um React, Respond. Barulho que segue, e estilo palavras de ordem para ‘pegar’:
“Don't react, respond Não reaja, responda
When what you get is what you don't want
Quando o que você recebe é o que você não quer
Don't react, respond
Não reaja, responda”
Na sequência, vem Wreckage (Destroços). Dá uma quebrada, som menos estridente, mas acompanhado daquele tradicional clima existencial.
“Rivers overflowing, drowning all our yesterdays
Rios transbordando, afogando todos os nossos ontens
Visited by thoughts on another darkened week
Visitado por pensamentos em outra semana sombria
How even every winner hits a losing streak
Como até mesmo todo vencedor enfrenta uma maré de derrotas
The mistakes we all make and perfectly repeat
Os erros que todos cometemos e repetimos perfeitamente”
Dark Matter leva o nome do álbum, e é uma das melhores no conjunto.
A bateria de Matt Cameron, e as guitarras de McCready e Gossard em um timing bem bacana, baixo do Jeff Ament marca presença e a força de Vedder aos 59 aninhos.
Saca?, aqueles gritos que parecem jogados ao léu, mas quando é com ele ganha um estilo… só dele. “Simples”, assim.
“Denounce the demagogues
Denuncie os demagogos
King diamond to discard
Diamante rei para descartar
Deploy the dialogue
Implantar o diálogo
Your word against the law
Sua palavra contra a lei”
Upper Hand é a música mais longa do álbum, exatos 5min57s. Olha, o comecinho, se tirar a voz do Eddie e por a do David Gilmour vai se assemelhar àquelas odes do Pink Floyd, tipo Shine on You Crazy Diamond . Só que mais curtas. Ou eu viajei muito? Ouve aí, tire suas conclusões.
“No room left on the pages
Não há mais espaço nas páginas
We filled 'em up and painted some
Nós as preenchemos e pintamos algumas
Though the book it may never be read
Embora o livro talvez nunca seja lido
Oh, by anyone, oh, anyone but me
Oh, por ninguém, oh, ninguém além de mim”
– São músicas como Waiting for Stevie que Vedder faz valer o reconhecimento que tem com o pessoal que curte rock (ao menos da minha geração), ou música em geral. Ao mesmo tempo, parece conversar contigo e pedir um ombro amigo. A reboque, umas alfinetadas no fanatismo religioso.
Enquanto isso, Jeff Ament, Stone Gossard, Mike McCready e Matt Cameron fazem a cozinha, sala, quarto musical mezzo nervoso mezzo nem tanto. Pearl Jam demais isso.
Would have to take an act of faith
Seria necessário um ato de fé
To find relief and escape the blame
Para encontrar alívio e escapar da culpa
Words follow her down, needs to shake 'em off now, now
Palavras a seguem, precisa sacudi-las agora, agora
This godforsaken town, don't deserve her anyhow
Esta cidade abandonada por Deus, não a merece de qualquer forma”
Em Running, a exemplo das duas primeiras (Scared of Fear, e React, Respond), causa sensação de volta aos anos 90 e 2000. Para uns, barulheira e gritaria. Para outros, barulheira, gritaria, e nada mais importa. Let’s bater cabeça.
Já Something Special vem estilo Calma que a gente tem uns 30 anos a mais do que quando andávamos de camisa flanelada e tínhamos cabelo a Rodo.
Convenhamos, Pearl Jam está em nível que pode se dar ao luxo de tirar o pé quando quiser. Som bem sussa dessa faixa. Também tem músicas bem boas quando embarcam em um lance, digamos, mais tranquilinho, como Soldier of Love.
“and every setback now but a chance to grow
e cada revés agora é uma chance de crescer
If further proof that you're phenomenal
Se mais uma prova de que você é fenomenal
You better believe it that you are something special
É melhor acreditar que você é algo especial”
Sobre a faixa Setting Sun… Momento nada a ver: quando li o nome, veio na cabeça o som – e que acho muito da hora, inclusive o clipe - de mesmo nome, do The Chemical Brothers .
Óbvio, creio ser mera coincidência. De repente, foi escolhida como alusão para encerrar o álbum. Setting Sun (Sol Poente), a melodia é mais calminha. Já a letra tem uns trechos assim:
“The cast was made to reset broken bones
O molde foi feito para consertar ossos quebrados
But there's no such thing to fix a love gone wrong
Mas não existe tal coisa para consertar um amor que deu errado
Keep knocking the door 'cause I know someone's there
Continuo batendo na porta porque sei que alguém está lá
I wait on the porch hoping someday, I'll be let in
Espero na varanda, na esperança de que um dia, eu seja deixado entrar”
Imagem do álbum: Reprodução Foto da banda: Danny Clinch/Divulgação |
E é isso, dá pra cair no velho clichê: A banda envelhece bem.
Quem sabe um dia ainda consigo assistir ao vivo.
E, aí? Já escutou? Curtiu? Algumas preferidas? Não? Retorna aí...
De todo modo, fica a dica. No caso do trabalho da vez, Dark Matter tem meio que um “conceito” estético nos clipes.
Se chegou até aqui e desconhece a banda, vai de boa. A chance de gostar é muita. Opinião nada suspeita deste que escuta Pearl Jam desde sempre.
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As letras e traduções das faixas
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Abraço, se cuide.
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