Festival mostra que jazz em Campo Grande pode mais

 

E aí, beleza?!


Domingo fez uma noite de clima agradável. Temperatura amena, aquele vai ou não chover, e, jazz. Após uma terça de música clássica, caímos no Armazém Cultural, ou antiga ferroviária, se preferir. Do ladinho da feira central. Experiências sonoras.


Parece surreal, Campo Grande jamais ter sido palco de um Festival de jazz. Ao mesmo tempo, infelizmente, deixa de surpreender quando a imagem de sertanejo universitário aliada à uma pesada pegada religiosa cai como luva. O processo é lento. Uma hora vai.


Olha só o Campo Grande Jazz Festival. Boa música em terminais de ônibus e quatro dias de shows. Pelo que entendi, o projeto “só” tava a querer sair do papel desde 2019. Sem a pretensão de cair no chavão demorou mas valeu a pena. O legal seria se fosse a segunda, terceira edição. Enfim, bora lá…


Queria ter ido ao menos em mais uma sessão, fui apenas no último dia. Chamou a atenção detalhes que fazem a diferença.


Imagens: Blog do Kishô

Antes das exibições, Franciella Cavalheri, uma das caras da ação em Campo Grande fez as vezes de mestre de cerimônias. Explicou a preocupação com a acústica, maior que a tentação de encher o galpão do Armazém de cadeiras e tal.

Por isso, a ideia da área reduzida para a plateia, colocar pequena arquibancada, e cortina a delimitar o espaço, e proporcionar uma acústica de qualidade. Sem contar que o cortinado de tamanho considerável é pesado à beça, uns 100 quilos, 200 quilos, agora não lembro exatamente o que a organizadora falou. Imagine o trabalho nada simples para mudar de lugar.


Chegamos um pouco depois das 7 da noite e o espaço já tomado. Depois de perambular um pouco – sempre tem aqueles e aquelas que insistem em passar na sua frente toda hora ou gostam mais de conversar do que apreciar as atrações principais – fiquei de pé ao lado da arquibancada.


Nela, outro detalhe, os corrimões de madeira foram cobertos com tecido. Gosto desse apreço com o público. Não é porque é de graça tem de ser de qualquer jeito.


Chega desse papo meio blasé meio ranzinza.


A última noite do Festival foi aberta por El Trio. Nunca tinha escutado, parece que Adriel Dias na bateria, Gabriel Basso no baixo, e Gabriel de Andrade, na guitarra, estão nessa caminhada há sete anos.


Adriel inclusive foi um dos responsáveis por fazer acontecer o Festival. Eles fizeram uma apresentação bacana. Óbvio, ainda mais para quem manja pouco do gênero, no caso, eu.



Jazz me faz lembrar momentos com Snoopy, Woody Allen, filmes estadunidenses com piano bar (tipo Susie e os Baker Boys), New Orleans, Sinatra, Tom Jobim vale?! E, muito mais que a memória deixa escapar.

Saca aquela sensação daquele crítico quando prova o Ratatouille? Então, mais ou menos isso.


Do pouco que entendo, o clichêzão jazz tem um quê de improviso.

No caso, seria um “improviso calculado”? Fato é que El Trio abriu bem a noite, com participações especiais interessantes – no vocal (Leo Cavallini, em On The Sunny Side of The Street ), e na dança (se não me engano pessoal do Cia Dançurbana, também envolvida bastante com o Festival).


Na parte final, perdão se errar, foi com Caminhos do Vento, antes do bis para encerrar a aparição. Fazia tempo que não escutava solos de baixo, instrumento que gosto muito. Bateria e guitarra, tudo bem entrosado. Valeu.


Antes do último show, homenagem ao Miguelito, o Miguel Tatoon. Foi enaltecido com um dos pioneiros do jazz em Campão e recebeu uma placa. 

Na década de 90, há mais de trinta anos, gravou o primeiro disco do estilo em Mato Grosso do Sul. Ficou bem emocionado.


Já era pouco mais da nove da noite quando Katie Thiroux e seu contra baixo adentraram ao palco, acompanhados de mais dois integrantes, um no teclado, outro na bateria.


Para não chegar tão perdido, busquei pelo nome dela no streaming para ouvir algumas músicas. Lá de Las Vegas, Katie mandou muito bem. Foi simpática com o público e evitou aquelas papagaiada de tentar falar muito em português. Um som bem interessante, When Lights Are Low, e Willow Weep for Me valem a pena dar uma escutada.


Por motivos que segunda-feira é segunda-feira, fomos embora antes da apresentação terminar. Tudo bem, mais um rolê sem muita expectativa que se mostrou bem interessante. De verdade.

Muito fruto da filhota que encampou a ideia e fingiu que não escutou quando eu disse, de tarde, que o tempo ia ser de chuva. Sem contar a preguiça…


“Vou poder falar que eu fui no primeiro Festival de Jazz de Campo Grande”, disse ela, na volta para casa. Taí a deix para rolar as próximas edições.


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Daí, se tiver a fim, mande e-mail pro drugstorekisho@gmail.com que no próximo post te agradeço por aqui. E, de quebra, mando os quatro textos que sair na sequência.


Abraço, se cuide.

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