Comédia, Ficção Americana mostra o lugar do negro na arte. E, que fique só ali


E aí, beleza?!


Se prefere ficar longe de comédias, melhor parar por aqui. Se humor cínico, ácido, envolto em muitas indiretas e diretas de crítica social, piorou. Ficção Americana é muito bom.

Se bobear foi o único dos indicados ao Oscar de Melhor Filme deste ano que passou ao largo da tela grande no Brasil. Merecia.


Penso que já, mas se ainda não assistiu, tá lá na Prime Video. O filme é dirigido por Cord Jefferson. Pesquisa rápida pelo currículo do estadunidense de 42 anos e indícios do porquê gostei da comédia dramática de quase duas horas de duração.


Geralmente como escritor ou editor, participou de episódios de Watchmen, Sucession – ambos que ainda quero ver – e The Good Place. Este último, sim, assisti, e gostei bastante. Dei uns pitacos sobre a série em maio de 2020. Quiser dar um confere depois, clique aqui.


No caso de American Fiction (título original), trata-se de uma produção baseada no livro Erasure, de 2001, escrito por Percival Everett (suspeito que não tem versão brasileira) O roteiro adaptado agradou aos críticos, e o longa ganhou diversos prêmios nesta categoria, inclusive o Oscar, ao bater o badalado Oppenheimer (se tudo der certo, verei ainda este mês).


Resumidamente, o filme conta a história de Monk, interpretado muito bem por Jeffrey Wright, 58 anos, tanto que a atuação rendeu diversas congratulações em festivais. O personagem é um escritor e também dá aulas. Porém, seus livros não vendem. Um dos motivos, segundo seu agente, é a de que se recusa abordar temas acerca da condição do negro nos Estados Unidos.


Monk deseja fazer sucesso com obras de ficção, como qualquer pessoa...branca. Em dado momento, pistola com a vida, bebe umas a mais, vem um monte de coisa na cabeça, e desanda a digitar.

Sai a história de um cara revoltado, fruto das mazelas de uma sociedade racista e carregada daquelas imagens que a sociedade nutre ou fantasia quando se depara com a vida do preto que tenta superar todos os obstáculos e vencer na vida.

O escritor/professor inclui o “linguajar das ruas”, a ausência da família – como se fosse exclusividade dos excluídos – e aquele ar de mal, estilo rapper das antigas, ou nem tanto.


Monk faz desse livro uma espécie de zoação com o mercado literário, que sutilmente reserva as obras de escritores negros a um determinado nicho da literatura. Uma passagem no filme retrata isso com precisão certeira. O livro propositalmente muito ruim, em sua opinião, é mandado para as editoras.


O “problema” começa quando o tal livro recebe uma proposta irrecusável para autorizar a publicação. Daí em diante, além de sua própria contrariedade e dilemas literários – não se assume, mas traz consigo o certo ar de arrogante que volte e meia contamina intelectuais - Monk tem em seu entorno problemas de saúde e financeiros na família. 

Paralelamente, engata um romance com Coraline, advogada interpretada por Erika Alexander. Gente boa, e ainda por cima, conhece os livros do Monk.


Imagens: Reprodução

Erika, ao lado de Sterling Brown (o Randall Pearson de This is Us) que faz o irmão Clifford Ellison, e Jonh Ortiz, que interpreta Arthur, o agente de Thelonius “Monk” Ellison, fecham o quarteto central do longa de forma bem competente.


Enquanto isso, o burburinho para o lançamento do livro – que para Monk soa como uma grande piada - só aumenta em proporções estilo celebridade de Hollywood.


No mais, melhor assistir. Se já viu, o que achou?

Monk me parece certas horas um mala, noutras ocasiões muito certo em suas decisões, e em outras, sei lá, difícil de analisar. Só na pele dele mesmo para poder opinar. Aliás, literalmente, questão de pele.


Ponto interessante é a direção de Cord Jefferson evitar que o filme pendesse para um lado pesado, ou exageradamente panfletário.

Usa a sátira, o humor, o ridículo da situação, para deixar claro que, aos olhos da elite, a luta antirracista é fundamental. Até a página 2, de preferência.


Chega, enrolei demais já.



Quiser trocar ideia pelas redes:

Instagram – https://www.instagram.com/lucianokisho77/

X/Twitter – https://x.com/KishoShakihama

Threads – lucianokisho77

Linkedin - https://www.linkedin.com/in/lucianokishoshakihama/



Puder apoiar de alguma forma, estou aberto à propostas.

Via PIX, a chave é drugstorekisho@gmail.com


Daí, mande e-mail pro drugstorekisho@gmail.com que no próximo post te agradeço por aqui. E, de repente, mando os quatro que saírem na sequência.


Abraço, cuide-se.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Dez músicas para Campo Grande no modo aleatório

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.