Teatro Aracy Balabanian recomeça com um Sopro daqueles

Sem tumuilto, pessoal na 'fila' para entrar no teatro 


Beleza?!


Sexta-feira, em mais um de grátis rolê aleatório, paramos lá no Teatro Aracy Balabanian. Chuva deu uma trégua, ainda tinha ingresso na hora e, uia!, depois das oito da noite, Todo Redemoinho Começa com um Sopro.

Fazia muito tempo que não passava pelo Centro Cultural José Octávio Guizo, centrão de Campo Grande. Tá interessante.


O teatro de lá, então, oito anos fechado. Reaberto por agora. Que bom. Que aguente umas boas temporadas. Se bobear, o palco ficou fora de cena mais tempo do que a peça da Ofit Cia Teatral dirigida por Nill Amaral já tem de estrada (ao menos cinco anos, parece).


Foi a primeira vez que assisti Todo Redemoinho. Se não viu, vale a pena dar uma chance. Momento sinopse: Em cena, a história de uma casa que abriga dois jovens com a missão de empacotar objetos da antiga moradora.


A moradora é interpretada por Nádja Mitidiero, que mandou muito bem. O carinha é personagem de Samir Henrique, que faz par com Karine Araújo. Opa, ela assisti pela segunda vez.

A primeira foi em Groselha, lá na “intimista” salinha do espaço Sesc quase ou em frente ao Manoel de Barros da avenida Afonso Pena.

Na ocasião já tinha achado que ela foi bem na releitura de Medeia. No Sopro, minha modesta impressão é a de ter evoluído e ter se dado bem em um lance diferente de monólogo.



Palco armado para Todo Redemoiunho começa com um Sopro
Imagens: Blog do Kishô


No enredo, enquanto fuça nas coisas antes de fazer uma triagem e empacotar objetos que, na visão da jovem dupla, podem ainda ser úteis, a figura da antiga moradora transita entre eles. Cada lembrança, manuscrito, vem acompanhada, acompanhado, por divagações do trio.


Soma-se a presença em vídeo de Luciana Kreutzer, em participação mais reduzida. A tecnologia é usada na peça como intervenção, homenagens e citações. Dentre elas, rápida e valiosa imagem de Clarice Lispector.


Todo Redemoinho começa com um Sopro aborda tristezas e felicidades de uma mulher que aproveitou bem a sua vida. Ou, não. Cada um que tire suas conclusões.


Nádja Mitidiero encarna dilemas existenciais femininos que me fizeram lembrar de textos tipo da Mirian Goldenberg ou da Vera Iaconelli. Conhece? Então, a peça com dramaturgia de Éder Rodrigues tem essas nuances, reflexões. Vixe, acho que viajei um poquito. Foi mal.


Nas memórias, a irrelevância por figuras masculinas. “E para quê? Qual a necessidade para essa história?”. Ouvi essas respostas na saída, já após a sessão. É verdade, pode ser...


A casa e seu conteúdo mexem com a dupla de empacotadores. Paira um certo clima, cumplicidade acima da média e, ao mesmo tempo, um quê platônico. Como se a juventude contrastasse com a maturidade expressa nos depoimentos da agora ex-dona da residência.


Samir e Karine desempenham legal essa ideia estica e puxa em seus diálogos.

Durante a peça, há tempo para divagar O Que Você Faria se só te restasse esse dia, instante para Quizás Quizás Quizás, dar umas tragadas relaxadoras, e instruções para cuidar do Marlon Brando.

Confesso, O Poderoso Chefão é talvez o meu filme favorito de todos os tempos, mas peguei um ranço com o ator depois de saber mais sobre o episódio da manteiga com Maria Schneider em O Último Tango em Paris… deixa para lá.


Retorno ao palco Aracy Balabanian. Além do trio e das intervenções interessantes, ficou legal a iluminação, a cenografia sem firulas, como a equipe toda têm certeza que o elenco por si só dá conta do recado. Ou dos recados, pois há muitos em Todo Redemoinho começa com um Sopro.

Detalhes que somente em um espaço apropriado e bem cuidado pode ter a oportunidade de florescer.


Bem de boa o rolê aleatório da vez e, na torcida para que, desta vez, a reforma tenha sido para valer e o espaço fique aberto para a arte por um tempão.


É isso.

Karine, Nádia e Samir na hora dos agradecimentos


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