Dica da vez, O Fio Invisível talvez deixe pontas soltas. Ou, não
E aí, beleza?!
A dica é O Fio Invisível (Distancia de Rescate no original, ou Fever Dream em inglês, ou Distância de Segurança). Quero dizer, esse drama/suspense de 2021, é daqueles longas que me deixam no limite entre o “não gostei” do logo após vê-lo, e o, passar um tempinho, “agora, não sei, assiste aí depois me fale”.
Como estou no bloguinho, deve ter ganho a segunda opção.
O filme de pouco mais de hora e meia foi dirigido pela peruana Claudia Llosa, sobrinha do escritor Mario Vargas Llosa (sinceridade constrangedora, não li nenhuma obra do tiozinho puta famoso).
Já a cineasta dirigiu entre outras produções, A Teta Assustada, de 2009, em que venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim. Vou incluir na lista, parece ser bem interessante, chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Dito no começo, O Fio Invisível é um misto de drama e suspense.
Assisti na Netflix. Olha a sinopse: “A conexão entre duas jovens mães, uma visitante e a outra local, revela uma catástrofe ambiental iminente e um colapso espiritual.”
O longa começa com uma delas, Amanda (Maria Valverde), deitada, meio que sendo arrastada. Presa a Davi (Emilio Vodanovich). Peraí, volta.
Amanda é a mãe que viaja para uma região, digamos, aparentemente bucólica, do interior. Ao lado da filha Nina, chega a uma casa grande, onde espera o marido, e, a programação nos próximos dias é conhecer um lago e tal, estilo revisitar memórias de família. Mais ou menos isso.
Logo quando chega, conhece Carola (Dolores Fonzi), que mora na vizinhança. Ela é de lá mesmo e tem um filho, o Davi. Os diálogos entre o garoto e Amanda permearão grande parte da história calcada em moer e remoer lembranças do que aconteceu ou parece ter ocorrido.
Carola e Amanda desenvolvem elo forte. Em que Carola conta a conta-gotas o que se sucedeu com o seu filho, a quem não o considera mais gente, e sim, um monstro. No começo, a nova amiga escuta, mas não leva muuuito a sério.
Ah, Carola é casada com Omar (Germán Palacios), e os dois sonhavam em melhorar de vida. Comprar um belo tapete estava entre os desejos de consumo. Ele, assim como Marco, marido de Amanda, transparece não fazer muita questão de quedar-se em casa. Pode ser só impressão.
A obra de Claudia Llosa, baseada no livro Distância de Resgate, da escritora argentina Samanta Schweblin, reserva espaço secundário aos companheiros das mulheres.
O que se sucede na trama envolve fatos implícitos, detalhes, relacionamentos, maternidade, lances místicos ou, se preferir, sobrenaturais, e meio ambientais.
Pois é, nada fácil concatenar esse pacote. Desafio considerável para a direção fazer o Fio desenrolar de forma que prenda o espectador.
Creio que a intenção é provocar quem assiste a montar o quebra-cabeça do porquê as desgraças acontecem naquele lugar. E, mais não abro.
Medo de dar spoiler, fiquemos assim, tal qual a distância de segurança adotada por Amanda para Nina.
As protagonistas fazem interpretação competente: a espanhola María Valverde – não tinha me ligado, entre outros trabalhos está no romance Fomos Canções, de 2021, que, confesso, assisti e gostei;
a argentina Dolores Fonzi – fez alguns filmes com Ricardo Darin (baita ator, dispensa apresentações, né), e, este ano, ela saiu em Blondi, no qual dirige e atua.
A pequena gama coadjuvante que importa dá conta do recado e em nada depõe negativamente para a trama.
Fica a dica para quem deseja sair um pouco de conversas em inglês e legendas portuguesas. A diretora nasceu em Lima, a produção é chilena, espanhola e estadunidense. Latina domina.
Outros aspectos, bons, ruins, nem tanto, serão (?) notados apenas se parar para assistir.
É isso, se já viu, manda um alô aí. De repente, o filme é mó bom e eu que não captei os baguio.
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