Criolo manda samba com breques de rap em Campo Grande
Imagem: Luciano Kishô |
Opa, e aí, beleza?!
Criolo, no Parque das Nações Indígenas, em Campão. Último show do cara no Brasil antes de viajar para Sevilla, na Espanha, onde vai rolar o Grammy Latino. Foi ele mesmo quem falou no palco, domingão à noite, e deixou claro que vai levar a energia da multidão com ele.
Antes de começar, papo reto: o rapper vai mandar samba. Acho que fui o único, senão um dos, que se surpreendeu. Esperava pelo menos umas pedradas das antigas. Prova que careço de um F5 terrível nessas áreas.
Tudo bem. Cidadão Kleber Cavalcante Gomes fez eu aceitar os argumentos. Com sobras.
Boa parte da plateia cantava com ele, sinal da fidelidade de seus e suas fãs. Acompanhado de competentes percussão, trombone, cavaco, violão, Criolo mostra porque circula de boa tanto no rap, como, agora no samba. Entre os milhares que lá estavam, gama variada de gente. Pessoal mais novo, pessoal da brisa, pessoal que curte um samba, família.
Tudo isso em meio aos intercalados discursos inerentes de quem saiu da perifa de São Paulo e, como ele mesmo narra, estava em cima de considerável palco e estrutura, em plena Campo Grande, Mato Grosso do Sul. E o mano agora vai para a Espanha, pensa…
Imagem: Luciano Kishô |
Amazônia, Marco Temporal, valorização dos Professores (e Professoras), Moradia, o lado rapper do Criolo segue firme. “Meninos mimados não podem reger a Nação”. Só que, ao menos neste domingão calorão em Campão, com mais doçura. Parece estar de bem com a vida. Que bom.
Menos aquele vociferado em tons nervosos estilo Sétimo Templário, por exemplo, um artista na paz com vontade de homenagear o samba, a música brasileira, e o que representa. Que agoniza mas não morre.
Enquanto observava a performance dele e da sua equipe, pensei: lembra aquelas paradas sabadão, quando ia em bar que rolava umas fejuca com o sambão torando. Isso é elogio, beleza?! Putz, faz uns cinco anos, por baixo, que não sinto o cheiro dessas paradas. Restrições orçamentárias, sabe como é.
“Lá vem você com seus larará lara larauê larauê lará lará larauê”, canta ele e a multidão no Parque.
Criolo, de bermuda, camisa, oclinhos, em parte do show pegou seu banquinho e cantava de lá, sentado. Muito à vontade, como mestre de cerimônias, mandava a ideia e fazia pessoal responder. Seja com palmas, cantando, ou gritando. De pé, também, frontman de mão cheia. Sei lá, para mim, misto de Lirinha, Marcelo D2, e, claro, Criolo.
Imagens: Luciano Kishô |
Mescla clássicos do samba carioca, com canções autorais, e, como para lembrar que preserva sua identidade paulistana manda um Saudosa Maloca, Maloca Querida. Cara, que massa, nessa jukebox da memória, fazer revisitar Demônios da Garoa. Bom, mesmo.
Fui embora antes do bis. Como a caminhada é longa até minha goma, meio que virou meu “ritual”, prazer de escutar a galera, o show, ao largo das dependências do Parque. Ouvir os gritos, a música, de longe, meio que termômetro se foi bom, ou não.
Acho que Criolo não decepcionou. Deve ter feito geral fechar de boa o domingo.
Imagens: Luciano Kishô |
É isso.
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