A dica da vez não deve ficar só Entre Mulheres
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Opa, beleza?!
Dica é da sessão aleatória Filmes conhecidos que só vi agora.
Entre Mulheres, Women Talking, no original. Longa de pouco mais de hora e meia, ou pouco menos de duas horas, como preferir. Dirigida pela canadense Sarah Polley, venceu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.
Entre Mulheres é baseado em livro de 2018, e nele a também canadense Miriam Toews escreve baseado em o que aconteceu em 2009, em Manitoba, colônia incrustada na região de Santa Cruz, na Bolívia.
Lá, em comunidade menonita, um grupo de homens foi preso e posteriormente condenado pelo estupro de mulheres e meninas. Há várias publicações sobre o assunto, que se confunde entre fatos, impressões e opiniões.
Mas, parece que pelo menos 130 sofreram abusos, entre 3 e 65 anos. “O modus operandi era sempre o mesmo: meninas, mulheres e idosas eram dopadas durante o sono e acordavam desprovidas de roupa íntima, sujas de sangue e sêmen”, tirei do Coletivo Crítico.
A versão “oficial” no local patriarcal elevado à várias (pré)potências era obra do demônio. “Como explicar o fato de uma mulher acordar com manchas de sangue e sêmen nos lençóis e nenhuma lembrança da noite anterior?”, de um texto da Vice.
Pesado… religião demais, machismo, combinação abjeta. Adivinha para quem dá ruim, sempre?
Volta para o filme. Já começa com cena forte, corpo estendido, estraçalhado. Imagem em preto e branco, ou seria uma sépia?, textura que vai acompanhar a maior parte do filme.
Peraí, também tem essa mensagem logo no comecinho do longa:
“O que se seguirá é fruto da imaginação fértil das mulheres”.
Agora, sim.
Divulgação |
Ambientada em 2010, e, creio, transportada da Bolívia para os EUA, o filme parte do prazo de retorno dos agressores a uma colônia. 48 horas. Assisti no Prime, então, hora da sinopse:
““Entre Mulheres” segue um grupo de mulheres em uma colônia religiosa isolada enquanto elas descobrem como seguir em frente e construir um mundo melhor para elas e seus filhos. Ficar e lutar ou partir. Elas têm de fazer alguma coisa.”
Na maior parte dos 144 minutos, o longa faz você observar reunião com as consideradas principais mulheres da colônia. Dentro de um galpão de madeira, o elenco manda muito bem, e olha que a mais conhecida para mim - Frances McDormand - aparece bem pouco. Rooney Mara (Ona), Claire Foy (Salome), Judith Ivey (Agatha), são algumas das atrizes que performam em alto nível.
Por vezes, em plano mais aberto, a sensação é de interpretação teatral, saca?!
Personagem dá três passos, para. Outra se levanta e solta a voz. As conversas, indagações necessárias. Tanto os prós e contras de ficar, lutar, ou deixar a colônia, como necessárias (ainda e, infelizmente) por muito tempo.
Como educação é coisa só para homens, elas mal sabiam ou não sabiam mesmo, escrever, ou ler. Tarefa que ficou para o professor August, vivido por Ben Whishaw. Ele faz parte de uma cena que ficou na cabeça. Ao tentar emitir uma opinião no meio de uma das conversas, é interrompido. “Como você se sentiria se fosse proibido de falar a vida inteira?” Acho que era algo assim, ou era pensar. Enfim, entendeu, né.
Nas discussões em busca de consenso, pontos de tensão, de divergência, e, que merda, de como é forte a cultura vigente. Do medo de arriscar, da preocupação caso tenha de deixar os filhos. Será que eles perpetuarão os comportamentos dos agressores?
Entre Mulheres tem uma fotografia belíssima, edição afiada, daquelas coisas que te prendem. Seja por indignação, por choque de realidade, pelo desejo de como vai terminar.
Ao mesmo tempo, vai em ritmo cadenciado, tenta fazer quem assiste imaginar o que rolou, o que passou, o que vai rolar.
A direção é despreocupada em acelerar o processo. Longe de cessar ao fim do filme.
Sinceridade constrangedora (ou observação redundante?), espectadoras vão absorver, sentir mais. Gostaria muito de ouvir para ver o quanto gostou ou não do filme, porquê, e trocar ideia. Tanto da parte técnica, como, sobretudo, no conteúdo. Desconstruir é preciso.
É isso
Ah, sugestão de links que tem a ver com o assunto. Esse da Vice é porreta, porrada. Vale muito a pena para compreender o ocorrido na Bolívia.
- Os Estupros Fantasma da Bolívia
https://www.vice.com/pt/
- Entre Mulheres | 2022
https://coletivocritico.com/
Então...
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