Kids chega aos trinta. Se envelheceu mal não sei, e segue pesado
Como escrevi no post anterior, Chlöe Sevigny em Magic Farm me remeteu a Kids. O filme completa 30 anos e, em 1995, estava eu com 17, 18. Mais ou menos a mesma idade da moçada recrutada no longa estadunidense.
Lembro que bateu forte. Hoje, penso se a produção dirigida por Larry Clark envelheceu mal. Se você não assistiu, as cenas se passam em Nova York e tem como pano de fundo o dia a dia de adolescentes sem muita perspectiva. Meninos e meninas consomem drogas, se reúnem para andar de skate, zoam entre eles e elas, sempre em um ambiente tóxico e pessimista.
Nas tramas paralelas, sexo seguro estava fora de cogitação e, na época, o HIV muito dentro. Violência e drogas também são parte do cardápio da galera. Cenas realistas e põe realistas nisso.
Os anos 90 tiveram ares meio sinistros. Foi a época do Grunge, dos ares depressivos urbanos – só pegar algumas letras de Alice In Chains, Nirvana, Pearl Jam, Portishead, Radiohead, e por aí vai – que contrastavam com muita energia. As telas de celulares ainda não eram esta hipnotização/subserviência de agora.
Do que li por agora, a impressão é a de que Larry Clark usou a galera para fazer um lance que flerta com o sensacionalismo – causar choque de propósito mesmo – ganhar dinheiro e pagar uma merreca para o elenco formado por iniciantes, gente que já vagava pelas ruas de NY, e participar de um filme daria na mesma.
Fato é que Kids estourou, saiu da cena alternativa/independente, e desde o começo dividiu crítica e público. Na real, não sei se dá para fazer um paralelo com a galera de hoje. Ao menos o skate parece não ser visto mais como coisa de drogado ou “molecada que não quer saber de nada”.
Talvez pela ocasião o filme tenha me impactado de maneira que passava longe de tecer algum juízo de valor. Sei lá, espécie de Juventude Transviada daquele tempo. Ou, outros filmes sobre jovens que não se encaixam na sociedade.
Hoje, com bem mais idade, o olhar pode ser outro. Penso nas imagens que mais lembro, como a dos abusos, a cena nojenta com o absorvente interno, e do olhar perdido de Jennie, interpretada por Chlöe Sevigny, responsável pelo looping que me fez cair nessas divagações.
Nem sabia que rolou um documentário, de 2021, sobre o longa. The Kids/We Were Once Kids, de Eddie Martin, ao que parece – não assisti – tem depoimentos de atores de Kids, e detonam Clark. Alguns do elenco já morreram, inclusive.
Não tinha ideia também que, ainda mais nova do que Sevigny, quem atuou em Kids foi Rosario Dawson, personagem de Ruby. Diferente da série de negativas, não encontrei opiniões delas que desabonassem o longa, nem o polêmico diretor. Dawson, inclusive, precisou da autorização dos pais.
A trilha sonora a bordo essencialmente da The Folk Implosion cai como uma luva.
Bom, sem ficar em cima do muro – embora de repente quisesse – eu recomendo o filme. Pode até soar datado, mas segue pesado. Concorda?
Daria para falar bem mais, porém, acho que deu. Não vai melhorar em nada.
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