Filme Cinema é Uma Droga Pesada não te deixa mal

 

Cinema é Uma Droga Pesada parece não ter sido bem recebido no geral. Ah, eu gostei do longa francês de quase duas horas lançado no Festival Varilux 2023 e passou nas telonas brasileiras – não sei se veio até Campão – em abril do ano seguinte. A produção dirigida por Cédric Kahn é uma comédia/drama que dá bom entretenimento.
Meio que uma homenagem a quem faz e a quem ama cinema, Making Of (título original) leva o espectador aos bastidores da gravação de um filme. Nas instalações de uma fábrica, o longa traça algumas linhas, como expor os egos do diretor e das peças chaves do elenco, a pressão dos produtores em querer mudar o roteiro, a verba que acaba em meio às gravações, e a vida fora do set de filmagem das e dos principais personagens.
O título original deve-se ao pedido de Simon (o diretor, interpretado por Denis Podalydès), para que Joseph (Stefan Crepon) – jovem figurante que sonha em ser cineasta – se encarregue de fazer o making of da produção.
Cédric Kahn deixa claro na  forma de filmar e na textura das imagens a entrada de cada situação. Alguns disseram que esse didatismo nas tomada de cenas é desnecessário. Nem sei se essa era uma baita preocupação da equipe. Talvez o foco fosse apostar nos diálogos e nas histórias paralelas mesmo.
Além de, opinião humilde deste que escreve, comparar os perrengues durante as filmagens com o mote da gravação dirigida por Simon. No caso, a intenção é mostrar a luta de operários de uma fábrica contra seus donos. “Você acha que filme sobre operários ainda é atual?”, questiona um entrevistador ao diretor. Direitos trabalhistas, brigas internas, pressão de superiores, Making Of passa a impressão de que a engrenagem em ambas as “indústrias” tem suas semelhanças.
Porém, o filme evita ir a fundo na luta de classes e de temas mais espinhosos. O espaço para o romance, a comédia, as relações pessoais, e dramas estão lá e, de repente, isto sim, foi um desafio da equipe de Kahn, equilibrar as coisas a fim de não pesar muito a mão para  um lado.
Sobre o elenco, Denis Podalydès, no papel do diretor egocêntrico/pai ausente vai muito bem. Gostei também da suíça Souheila Yacoub. Ela é Nadia, principal atriz do filme a ser rodado em questão. Sua personagem no folhetim faz par com “estrela” Jim, interpretado de boa por Jonathan Cohen, responsável por atrair uma grana para as filmagens e, com um ego gigante.
A participação de Emmanuelle Bercot, mesmo menor que os acima mencionados, é, talvez, a mais competente. Dá vida a Viviane, braço direito de Simon e responsável por praticamente tudo no set de filmagem, desde gerir a equipe até tomar e anunciar as desagradáveis decisões - pois Simon e seu advogado/agente Marquez (o hilário Xavier Beauvois) não têm coragem.
Já o cara que faz Joseph – o Crepon - não sei… de repente, poderia ter sido melhor. Ou, sei lá, foi bem e eu que esperava mais.
Pelo pouco que busquei na internet, após ver o longa, a produção francesa teve avaliação mediana. Eu tentei lembrar de um filme estadunidense que assisti no anos 2000, que tinha mais ou menos a mesma vibe. Assisti durante um curso de especialização audiovisual na UFMS – não terminei – e versava sobre as dificuldades de gravar – tem uma cena que parte do cenário cai durante uma filmagem - dos problemas de bastidores, de como é difícil fazer um filme. Não consegui. E, não é Ed Wood, tá?
Sobre Making Of, achei exagerada uma crítica - não muito positiva - que ao analisar a produção recente lembrou do A Noite Americana (1973). A obra de Francois Truffaut é primorosa. Aulas de como filmar, né.
Prefiro ir no estilo, “assista sem muito compromisso”. Deste modo, vou mais na linha de um texto do Cine Pop, escrito por Raphael Camacho: Ótimo filme francês que expõe o processo criativo e joga uma luz nas produções audiovisuais
Talvez taxar de ótimo soe exagerado. Por outro lado, é um filme que não vai tirar o seu sono. E, sim, serve como singela homenagem às pessoas que se mantém fieis aos seus sonhos. E, ao cinema.
E, deu, né. Eu assisti pela Sesc Digital, mas vai logo porque sai do catálogo dia 15 (conhecido também como amanhã). Pagando, deve ter também na Prime Video, Apple TV, YouTube, e Google Play.
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