Só vi agora, Persona, quando duas mulheres dão show de interpretação
Momento Só Assisti Agora vem em preto e branco. Antigão mesmo. Persona, dirigido por Ingmar Bergman. Aliás, coincidência, neste mês de julho o sueco completaria 107 anos de vida. Ou, no próximo dia 30 serão 18 anos da morte do cineasta que faleceu aos 89.
Para muita gente o melhor trabalho do diretor, Persona é de 1966, tem menos de uma hora e meia, e é daqueles longas que ou vai gostar muito, ficar a pensar nele, ou nem chega ao final.
Sempre tropeçava em alguma imagem ou cena do filme, daí um conhecido que manja de cinema postou algo alusivo no Instagram. Perguntei se era mesmo o do Bergman ou o foi só coincidência o nome do longa. Positivo. “Eu sou meio suspeito para falar pois ele é facilmente o meu filme favorito kkkk”. Caraca! Depois dessa, bora lá assistir.
Aqui no Brasil, parece que o nome do filme veio com um complemento. Considerei meio desnecessário.
Persona é quase como uma peça teatral em sua maior parte. Na história, a atriz Elisabeth Vogler, interpretada por Liv Ullmann, sofre uma crise enquanto encenava e para de falar. Daí, aparentemente debilitada emocionalmente ela recebe a companhia de uma jovem enfermeira. A Alma, vivida por Bibi Anderson.
O longa é focado nas duas. O que não é pouco. Na tentativa de melhorar o estado de Elisabeth, a enfermeira é convocada para cuidar dela em uma distante casa perto de uma praia.
Você se encanta, e ao mesmo tempo, às vezes perde a paciência, ou se simpatiza. Liv Ullmann e Bibi Anderson dão show de interpretação. Como Elisabeth opta pelo silêncio cortante, Alma tenta quebrar o gelo e melhorar a relação com muita conversa, ou melhor, um monólogo.
Dessa parte em diante o filme, muito bem recebido pela crítica da época, mostra suas credenciais para justificar o trabalho de Bergman. Vale lembrar que a produção foi rodada na década de 60. Dito isso, a maneira que é conduzida a relação Elisabeth-Alma é primorosa.
Alma meio que começa a fazer da atriz sua fiel confidente. Revela coisas que se o marido soubesse abalariam seu casamento – a passagem que literalmente retrata o caso de infidelidade é algum dos pontos altos do longa – além de coisas que envolvem maternidade. Nesta seara, a enfermeira descobre fatos que talvez motivem a encenação não-verbal de Elisabeth.
Na rotina estabelecida na casa de praia existe espaço para momentos frugais, dentro de uma normalidade convencional. Porém, o lance tudo muito bom, tudo muito bem, nós nos bastamos e não precisamos de mais ninguém, acaba em má correspondência por uma das partes. Quebra a confiança.
Ingmar Bergman proporciona outra guinada no longa e reafirma o porquê muitos dos 60 segundos dos 85 minutos serem alvos de adoração cinéfila por muita gente quase seis décadas depois.
Precariamente falando – longe de ter envergadura moral para tratar de sétima arte e de psicologia
- Bibi Anderson e Liv Ullmann travam embate nada monótono. Uma disputa dissimulada – certas horas nem tanto - entre o uso das palavras versus o das expressões faciais, e a tensão sempre a pairar no ar.
Edição, roteiro, tudo bem pensado para quem assistir saia a imaginar e refletir muito com os neurônios.
Ah, o início do filme tem um gurizinho e umas sequência de cenas aceleradas com vários elementos que é para o espectador decifrar depois.
Cacei bastante a trilha sonora, tive insucesso nessa empreitada. Composta pelo também sueco Lars Johan Werle, acompanha classicamente e experimentalmente o longa. “Complementa a atmosfera introspectiva e psicológica do filme”, como li em um site e, de verdade, perdi o link para dar o crédito. Foi mal. O mesmo cita haver trechos de "Largo" de Händel, e de obras de Bach.
Certamente você assistiu. Caso seja como eu, dá uma procurada pois vale a pena. “É um filme meio confuso, mas é ótimo”, completou o Jão, ainda na mesma conversa. Humildemente, concordo.
Qualquer coisa, diga suas considerações sobre Bergman, Liv Ullmann, Bibi Anderson e companhia.
Ah, tem uma crítica no YouTube interessante sobre Persona, do Entre Planos.
Deu, né.
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