Eraserhead, ou, pra não dizer que não falei de David Lynch

Reprodução 

E fazem oito dias da morte do David Lynch, falecido no último dia 15. Cinco antes de chegar aos 79 anos. Aliás, sua família pediu para a legião que o admira que no dia do seu aniversário separasse um tempinho para meditação. Motivos para isso certamente existem aos montes. 

Diante do pacote taliban/fascista anunciado pelo trumpista, Lynch foi abençoadamente poupado de um surrealismo de quinta categoria.

Surrealismo que o diretor exibiu de maneira criativa e inconfundível desde seu longa de estreia. 

Na caruda, pego carona na rabeira de lembranças e homenagens ao formidável cineasta nascido em Montana para falar sobre Eraserhead. 

Nesse momento Só assisti Agora, digamos que o “trabalho de conclusão de curso” de Lynch - o longa de 89 minutos só saiu com uma for$inha do casal Jack Fisk e Sissy Spacek (ela mesmo, a famosa atriz) - é prenúncio do que viria nas décadas seguintes. Na produção do suspense/terror, ele teve apoio da American Film Institute no período em que estudava na instituição. 

Coincidência, o filme e eu somos do mesmo ano (1977). E daí?! Nada a ver...

Eraserhead é todo em preto e branco. Nem sei se precisa dizer a história, mas, vamos de sinopse mequetrefe. O protagonista é Henry Spencer (Jack Nance), o do “cabelo espetado”. Em ambiente escuro, melancólico, clima de miséria, namora ou namorava Mary (Charlotte Stewart). Cuja família, mãe, pai e avó, são de uma animação fúnebre. A casa deles, onde Henry é convidado a jantar e depois intimado a casar com Mary, corrobora certa impressão remetida à desilusão com o glorioso progresso norte-americano. 

Lynch faz das locações e situações protagonizadas pelo elenco um cenário sem perspectiva. 

A virada para o terror é o bebê, que porta deformações difíceis até para a mãe suportar. Daí Lynch é Lynch. O filme entra em uma espiral de sonhos, visões, etc,  e permitem (ou não) ao espectador interpretar o longa do jeito que der ou desejar. 

Em meu caso, um exemplo, impossível não ver influência/homenagem do gore usado em A Substância (dirigida por Coralie Fargeat) depois das cenas que envolvem o bebê de Eraserhead. Com a observação de que na obra do fim da década de 70, o grotesco foi na medida certa. Eu acho.

A parte de som, feita ao lado de Alan Splet, complementa o longa, ao ampliar a sensação hermética, abafada, das cenas. A música In Heaven dá o tom irônico que é a cara do diretor e ajuda ainda mais a notabilizar o longa como um dos melhores filmes de estreias de diretor (a) da história do cinema. 

Lógico, nem deve ser novidade pra você isso aqui. Mal aí, foi apenas um jeito de falar do baita cara que é David Lynch. 

E pela terceira ou quarta vez, assistirei A Estrada Perdida. Quem sabe, depois de uns vinte anos, eu consiga entender. Embora desconfie do contrário. 

Se não assistiu Eraserhead e gosta de um bom filme de terror/ficção, demorou.

É isso, qualquer coisa só dizer. 

Ah, peguei informações do Wikipedia, e o Spotify tem uma playlist do filme que é bem bacana. 


Curtiu? Então, se quiser me apoiar via PIX e/ou por e-mail é blogdokisho2@gmail.com

Nas redes, estou por aí

Instagram – https://www.instagram.com/lucianokisho77/

X/Twitter – https://x.com/KishoShakihama

Threads – lucianokisho77

Linkedin - https://www.linkedin.com/in/lucianokishoshakihama/

Blue Sky - https://bsky.app/profile/lucianokisho.bsky.social

Substack - @lucianokisho

Se cuida. Abraço

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.

Toucas pra que te quero, sabadão foi Bar, Bravo e meio