Fui à Casatória ca Defunta e saí mais vivo
Imagens: Kishô |
Rolê da vez foi no Sesc Teatro Prosa, sabadão de tarde. A Casatória ca Defunta são daquelas peças Livre para Todas as Idades. Encenada pela Cia Pão Doce de Teatro, pessoal lá de Mossoró-RN, já passou por Matão do Sul em outras ocasiões.
Em 2016, o espetáculo que tem direção de Marcos Leonardo de Paula e texto e música de Romero Oliveira esteve em Campão.
Agora, a cidade fez parte da turnê de dez anos da história do (momento sinopse) medroso Afrânio, que está prestes a casar-se com a romântica Maria Flor, mas acidentalmente se junta com a fantasmagórica Moça de Branco, que o conduz para o submundo. Lá, fará amigos e aprenderá uma grande lição, porém não desistirá do seu amor verdadeiro, mesmo que isto lhe custe a própria vida.
No palco, três atores e duas atrizes em "pés-de-banco" se encarregam de proporcionar aproximadamente cinquenta agradáveis minutos de espetáculo. Mônica Danuta, Lígia Kiss, Raull Davyson, Diogo Richa e Paulo Lima (podem me corrigir se estiver errado) encarnam série de personagens cujo desenrolar foi ao além das expectativas. Quem não foi, perdeu.
Iluminação e som são pontos a destacar. Cuidado com o figurino, maquiagem, também. Trilha musical idem. Os dez anos em cartaz deixam a equipe segura do que fazer em todas as ações que compõem a peça.
A fluidez da narrativa, as tiradas e os jogos de palavras marcas da cultura nordestina (rir de si mesmo é virtude, já dizia o sábio) tiram risadas autênticas da plateia. A saga de Afrânio para retornar ao mundo dos vivos, bem como Maria Flor, cuja entonação de voz é ,meio passo para tirar um sorriso, até parecem estar lá de modo gratuito. Não é bem assim.
Fazer humor é algo sério. Ao lado da entrada do teatro em questão, há estantes com livros. Muitos deles abordam a encenação teatral, técnicas, interpretação, cinema, história da arte. Parece lembrar o quanto quem vive da arte merece aplausos e muito mais.
No programa de sábado, a dramaticidade e o trágico apareceram como pílulas a lembrar: ficção e realidade estão ali, um do ladinho do outro. Se bem que, hoje em dia, o inacreditável às vezes é superado de goleada por atos bizarros. Que coisa…
No caso da Pão Doce, neste 2024 são vinte anos na labuta. Parabéns. Sexta-feira, os potiguares apresentaram O Torto Andar do Outro, também no Prosa. Não consegui assistir. Que puxa.
Porém, sem lamentações ao menos no post dessa vez.
Como bem lembra A Casatória, tanto o rico como o pobre se igualam na hora da morte. Assim, o amar ainda é o melhor caminho, mesmo que seja muito mais fácil falar. Afrânio, em sua jornada, meio com medo, meio matuto, é pouco de cada um nessa empreitada.
O espetáculo não perde o fôlego até o fim. Uma lufada de boa diversão - com qualidade – que só percebi que precisava quando me assentei em uma das fileiras do teatro minutos antes do início da apresentação. Sair de lá mais leve foi muito bom para mente e coração.
É isso.
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Brigadão desde já.
Abraço
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