Bardo é um belo filme. Talvez não goste da viagem

Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades, não é pra qualquer um. Ou, não.
Lançado no fim de 2022 no Brasil, o filme é dirigido por Alejandro Iñárritu. Cineasta mexicano por trás de filmes como o bom Amores Brutos (2000), o 21 Gramas (2003), e o nem tanto assim O Regresso (2015).
Bardo foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia de 2023. Perdeu para o Nada de Novo no Front. O longa-metragem dirigido por Iñárritu retrata a história de um cidadão do México e é pródigo em belas imagens. Seja pelas próprias locações, intervenções artísticas e/ou surrealistas.
Se ainda não assistiu, Bardo tem como protagonista Daniel Giménez Cacho (ele participa do Má Educação/Almodóvar, 2004), que incorpora Silverio Gama. Jornalista/documentarista que há muito reside e trabalha nos Estados Unidos. Ele retorna ao país natal para receber um prêmio da associação de jornalistas mexicanos por conta de seu último trabalho.
Não, Iñárritu não vai te aborrecer com duas horas e meia de falas sobre jornalismo ou coisas da profissão e tal. Esse é o ponto de partida para o diretor destilar um misto de ironias e dramas. 
A parte engraçada, mas nem tanto, fica por conta das tiradas sobre o imperialismo estadunidense, a colonização espanhola no México, aliadas às intervenções quase teatrais e, sim, musicais. Aliás, a trilha sonora feita para Bardo é de se tirar o chapéu, Ainda tem um momento Let's Dance que, com certeza, David Bowie iria na onda.
Os dramas se referem mais à vida pessoal de Silverio Gama. A dificuldade de lidar com sua ausência na vida da filha e do filho, de uma perda que o filme trata com certo ar bizarro, da sua auto estima posta em xeque, seu ego, e as crises em se definir como mais mexicano ou estadunidense.
Além de Daniel Cacho, o elenco traz boas atuações da argentina Griselda Siciliani, que vive Lucia Gama, sua mulher, e Ximena Lamadrid, mexicana\ que interpreta a filha Camila Gama. A dupla manda muito bem, assim como o amigo de Silverio, o apresentador Luis Baldivia, vivido pelo também mexicano Francisco Rubio.
Quando disse que Bardo não é pra qualquer um, é sobretudo por suas cenas surreais, tais como peixinhos derramados em um vagão de metrô, ou, do nada, gente desmaiando aos montes em plena cidade.
A câmera sempre em filmagem de modo que parece ser steadicam norteia boa parte do longa-metragem todo filmado no país natal de Iñárritu. Outra coisa a se notar é que as passagens são majoritariamente feitas de modo horizontal. Como se houvessem várias instalações e o fio condutor passasse de um local para outro como se estivessem em um estúdio.
Assisti Bardo, certamente por indicação. Não lembro agora. Faz um tempinho. E encarei o épico/drama/surrealismo/humor ácido sem ver trailer ou críticas. Se tivesse visto o trailer, com certeza já teria feito meus olhos esmiuçarem a obra.
Vai ver, Bardo nem é tão diferente assim. De repente, soa pretensioso, ou “mexicano demais”. Que seja. Confesso, demorei um pouco para assimilar. Iñárritu, também conhecido pelo ótimo Birdman (2014), parece ter decidido desaguar todo o seu id criativo em uma espécie de divã cinematográfico. No pacote, relembranças do...México.
Visualmente, o filme é bem cuidado, tem belas tomadas, fotografia idem. E o roteiro? Só assistindo… Se já viu, diga aí suas considerações. De modo geral, me identifico com algumas situações. Sejam reais ou viajadas. Quer dizer, que fica a dica. É isso.

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