Vale a pena escutar o álbum do Francisco, el Hombre, hasta el final
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| Julia Mataruna/Divulgação |
Já escutou o último trabalho do Francisco, el Hombre? HASTA EL FINAL, assim mesmo em maiúsculas, pois a banda gosta de brincar com o tamanho das letras.
Pelo que entendi, Mateo e Sebastián Piracés-Ugarte, LAZÚLI, Helena Papini e Andrei Martinez Kozyreff lançaram este álbum com oito faixas em CAIXA ALTA, e oito minúsculas (de até um minuto), vão fazer uma pá de shows e, depois vão dar um tempo. Mudar de fase.
Sem capacidade de prever o que está por vir no caminho médio longo prazo desse pessoal, me atenho a este trampo derradeiro da vez. As participações especiais são um convite para dar uma escutadinha.
“Acho, penso, suspeito que o pior já deu de passar
Essa memória não se anula, nas entranhas me circula
O sentimento de não ter medo de nada
Quando a vida mostra a cara lavada e grita pela goela
Que tudo o que pode acontecerá
Que tudo o que pode acontecerá” - trecho de O QUE EXISTE É O AGORA, traz Lenine a tiracolo e a energia habitual do grupo.
Em Campão, quem foi ver Francisco lá na região da Esplanada Ferroviária, junho do ano passado (durante O Balaio), sabe do que se trata. Mesmo com chuva, foi um show bacana. Pena que minha gravaçao não deu bom. Só vale como registro.
De volta ao álbum. Por supuesto, o espanhol tem de estar presente. PECECITO O TIBURÓN (Peixinho ou Tubarão)?, traz da lista de convidados BNegão, Bia Ferreira, Agarrate Catalina, na conhecida pegada protesto que marca a banda em mais de uma década. Além daquela ocasional carregada nas últimas sílabas em rimas, como
“NÓS, não estamos SÓS,
Ouça nossa VOZ
Que faz qualquer coração bater VELOZ
Junte se a NÓS
Una sua VOZ
O povo unido sempre vai vencer”
JOGO DE AZAR tem Paulo Miklos. Tem gente que diz que momento que artista começa a fazer música com convidados é sinal de que a coisa anda meio periclitante. Creio não ser este o caso.
“Mas até lá é jogo de azar, é corre, é deus dará,
é sorte pra quem tem coragem de arriscar”.“
ARBOLITO PUNK periga ser minha faixa preferida. Admiro bastante o trampo da Karina Buhr. Como o nome diz, essa arvorezinha punk de menos de dois minutos embala qualquer rodinha, empurra empurra, pogo, e por aí vai. Claro, né, na paz e sem desrespeitar alguém.
“Se a vida é movimento,
sementinha de sanação
Me sinto segura com meu alento
e a força do coração”
Pra dar uma quebra, de leve mas nem tanto, OUTONO chega com a parceria da voz inconfundível de Fernandinha Takai (Pato Fu). Aliás, baita reunião de vozes femininas esse HASTA EL FINAL, hein?!
“ O outono faz eu me sentir como uma folha
Que ao cair, amarela, voa
Sei me desfolhar e deixar ir
Pois já me dei conta que sou tronco
E o que é que pode vir depois do fim?
E o que é que pode vir depois do fim?”
O som do Francisco, el Hombre, é tipo uma jukebox sem receio de navegar entre diferentes estilos. Música mais longa desta produção, O ENSIMESMADO vem com Mart’nália e Ilú Obá de Mim. Som que rola curtir com copinho na mão. Samba do bom.
“Ele deixa um plano funerário à vista na estante
Que espécie é essa sua que não sente o presente?
Nem planeja mais futuro, só deseja estar ausente
E está”
Dia em que transbordo esses pitacos. HOJE É SEGUNDA-FEIRA e, vai ver por este motivo ninguém se prontificou a participar. Brincadeira. Momento comentário aleatório: a certa altura, o instrumental lembra uma música do Los Hermanos. Segue o baile.
“Hoje é segunda-feira
e tou pra morrer
Da ressaca duma vida inteira
E foi num copo sem fundo
que vi refletida
a melhor e pior parte de mim”
DEMASIADO POQUITO (QUÉDATE UN RATITO), ((Pouco demais (fica mais um pouquinho))
Canção que encerra o álbum estilo show que tá bom e geral quer uma, duas saideiras.
Desconfio que o ar sofrência/melancolia/latino/
“Todo tempo contigo
é muito pouquinho
fica um cadinho a mais”
HASTA EL FINAL é a cara da banda. Clima de show, letras sem rodeios, bateria, guitarras, e demais instrumentos e intervenções com a marca de sempre. Quem não curte, não será dessa vez que mudará de opinião. Quem não conhece,fica a dica. E quem gosta, obrigado pela companhia. Certamente, falei nada de novo e, certeza, manja muito mais do que este que escreve.
É aguardar o que vem por aí. Se der muita sorte, que a trupe Francisco, el Hombre, inclua Campo Grande nessa derradeira turnê antes de, sei lá, trocar de pele tal qual camaleão.
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