Só vi agora, Des-calço, e na Praça
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Imagens: Blog do Kishô |
Gostava bem mais da Ary Coelho sem grades. Vai ver, as cercas são para reduzir o caminhar de pés pelados. Fazia tempo que, literalmente, não andava por lá. Coração de Campão respira com dificuldade, né?
Foi lá onde parei para assistir Des-calço. “Um espetáculo sobre avós, Terra e Luto”. Peça teatral já há um par de anos na estrada, que conheci sabadão dentro do projeto Boca de Cena.
Espero estar redondamente errado, creio que por ser fora de um ambiente fechado geral dá menos valor. Quem foi lá na Praça deve ter gostado. O silêncio gerado da atenção das dezenas de pessoas em cada situação narrada por Raquel Stainer entregava isso.
O clima do fim de tarde/início da noite deu sua contribuição como se fora 3 D. Volte e meia folhas caíam sobre a plateia em um ventinho bom. Disparada. Com clássico de Jair Rodrigues, a atriz inicia o monólogo de uns 40 minutos, e traz consigo Dawison Freitas, que manda ver na libras.
Raquel se baseia nas lembranças da família, sobretudo das mulheres. Principalmente da avó Maria Benedita. O falecimento de quem era a neta preferida, segundo a história contada no quadrado forrado por terra que demarcava a área do palco, originou a ideia de montar o espetáculo, ainda durante a pandemia.
Ao emprestar voz e gestual para a matriarca, Raquel retrata cenas típicas de famílias pobre do interior. A experiência adquirida na estrada com Des-Calço dá a ela a segurança para atuação segura e forte. Dirigida por Antonio Rosa, a peça tem forte veia na problemática do campo. Admito sempre a coragem desse pessoal de bradar sobre reforma agrária, questões causadas pelo latifúndio, por essas bandas.
Nesse caso, soa quase como uma intervenção, um “vamos passar a mensagem no meio da história, deixar uma semente”, e em nada compromete o andar Des-calço.
Problemas sociais como alcoolismo, analfabetismo, machismo, religião, também são pincelados por Raquel. O direito e a necessidade de sonhar também. Em meio à urbanidade e ás preocupações individuais, parece esquecermos que todas e todos nutrem sonhos, desejos. Seja na cidade ou na roça.
Ao fim, Raquel estende a homenagem para as mulheres que fazem parte da sua vida e a todas que merecem. Aplausos merecidos. Pra variar, mais um rolê que surpreende e dá bom. Pessoal do Grupo 13 é la de Dourados. Se é difícil fazer cultura por aqui, imagino que naquelas bandas também seja.
É isso. Se em outra hora aparecer em cena Des-calço, vá ver a Raquel. Acho que até sua vó iria gostar.
Sabe, antes e durante a encenação, cheguei uns vinte, trinta minutos antes de começar a produção, olhava a praça, o lugar, e quem parou para ver a apresentação. Centro de Campo Grande precisa de um Reviva que não se preocupe somente com lojas fechadas e vagas de estacionamento.
Jeitos para ocupar, e bem, essa bagaça, tem.
Sabe, antes e durante a encenação, cheguei uns vinte, trinta minutos antes de começar a produção, olhava a praça, o lugar, e quem parou para ver a apresentação. Centro de Campo Grande precisa de um Reviva que não se preocupe somente com lojas fechadas e vagas de estacionamento.
Jeitos para ocupar, e bem, essa bagaça, tem.
No mesmo dia, eventos incluídos no Boca de Cena, programados para o Aracy Balabanian e na lona de circo estendida ao lado do Museu da Imagem e do Som. Ainda teve coisa na Esplanada Ferroviária, com o pessoal do MuAU - Museu de Arte Urbana. É tudo mais ou menos na mesma área.
Precisamos falar mais acerca disso.
Quiser saber mais da peça:
- Des-calco no Instagram
- Temporada Sucata Cultural apresenta: “Des-calço
- Peça sobre luto por avó é apresentada por atriz de Dourados em SP
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