Educação nos EUA sob ataque conservador é mais do que um aviso
E aí, beleza?!
Rolou uma coincidência nessas últimas semanas. Escutei e li duas coisas que desembocaram no mesmo assunto. A primeira, episódio de 8 de março (ouvi dias depois) do podcast Chutando a Escada, sobre o movimento contra a educação antirracista nos Estados Unidos e por tabela as demais parcelas da sociedade vista com maus olhos por alas bem conservadoras.
A segunda, sinceridade, nem sei como cheguei até ele – se foi indicação de alguma newsletter ou post de rede social (Blue Sky, talvez) – é um texto do site Gothamist que trata sobre livros com temática da história negra e de imigrantes encontrados no lixo de uma escola em State Island, também na gringolândia.
No episódio do Chutando, o papo é com Vitória de Oliveira Ribeiro, pesquisadora e mestre em Relações Internacionais pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia). O tema principal é sobre a guerra contra a educação antirracista nos Estados Unidos.
Junto com Débora Prado, professora da UFU e doutora em Ciência Política pela Unicamp, e Carol Pavese, doutora em Relações Internacionais pela London School of Economics, ambas da equipe do podcast, debulha o avanço da extrema direita sobre o ensino estadunidense.
Entre muita informação e opiniões bem legais, a de 783 propostas de leis em nível federal, estadual e municipal para proibir debate sobre raça gênero e etnia em instituições de ensino.
A onda extremista, prossegue a conversa das três, foi ampliada no governo Trump (para surpresa de zero pessoa), que veio com um discurso de Conceitos Divisivos. “Se você discute racismo, você é anti-americano, vai ameaçar a unidade na nação e vai criar um cenário de divisão”, fala mais ou menos assim as participantes do episódio.
Além do racismo, assinalam, muitas dessas leis propostas atacam o debate sobre sexismo, disparidade, e algumas focam a população LGBTQIA+. Na real, a intenção é não poder discutir identidade de gênero.
Óbvio, o episódio abrange bem mais pontos e se gosta do tema – sinceramente espero muito que sim – arranje um ou mais tempos para escutar. Vale a pena.
Já o texto “Books on Black history, immigration found in trash by Staten Island school, sparking investigation” foi uma bela surpresa. Assinado por Jéssica Gould, que se descreve como repórter educacional da WNYC e Gothamist, é daqueles exemplos de como acontece coisa e, a gente, na nossa bolha de cada dia, deixa passar.
Meu inglês é nota C- para baixo, então, aviso, usei o Google Tradutor em uns 80% da bagaça. Em português, o título da reportagem saiu “Livros sobre a história negra e imigração encontrados no lixo da escola de Staten Island, gerando investigação”.
Bem auto explicativo, né. Facilita muita as coisas para mim e para você. Pode ir lá ler se quiser.
Momento control C control V do primeiro parágrafo:
“Centenas de novos livros com personagens negros e temas LGBTQ+ foram encontrados no lixo de uma escola primária de Staten Island, indignando alguns pais e desencadeando uma investigação do departamento de educação.”
Na produção jogada fora tem material que eu desejaria dar uma olhada. Livro sobre Pantera Negra, aquele mesmo, do Wakanda Forever!, e da baita mulher Nina Simone. Uma hora vou me aprofundar mais na vida da pianista, cantora, compositora e ativista nascida na Carolina do Norte. O que sei dela é muito, muito pouco.
O “lixo”, conta a publicação, também continha trabalhos que enfocavam a imigração, igualdade de gêneros e por aí vai. Nas capas dos trabalhos banidos, mostra a reportagem, notas com observações do quilate: "Nosso país não tem espaço e não é justo", sobre o livro "My Two Border Towns (Minhas duas cidades fronteiriças)", sobre a vida de um menino na fronteira dos Estados Unidos com o México.
Outra, em "The Derby Daredevils", sobre uma equipe feminina de roller derby (esporte disputado com times que utilizam patins em linha), dizia: "Não aprovado. Discute pai ser transgênero. Adolescentes tendo uma queda por outra garota em sala de aula."
O texto chama a atenção para a região aonde o fato ocorreu. Nada de terra de Cowboy, ou algum ninho notoriamente super de direita.
“Até este incidente, a cidade de Nova Iorque parecia em grande parte imune aos esforços de alto nível para proibir livros que estão a perturbar as comunidades escolares na Florida, Nova Jersey e outras partes do país.”
Tenso… Conforme a matéria, o porta-voz do departamento de educação afirma que nenhuma ordem de remoção de livros foi sancionada.
De todo modo, vale a pena ler, seja em inglês ou via Tradutor. Adianto que pais e mães ouvidas pela reportagem não gostaram do acontecimento.
Os dois trabalhos, embora retrate situações nos Estados Unidos, mostra como a rede conservadora é forte.
Os rompantes do “pessoal de bem” pelas bandas de cá estão longe de ser mera coincidência.
Engana-se quem acreditar que o pior já passou. A economia ir bem não basta mais. A pauta ideológica dos bons costumes domina boa parte do pessoal e tem ganhado de lavada na divulgação via redes e zap zap da vida.
De repente, mamadeira de piroca e escola sem partido viraram distração. Impressão, sem embasamento científico, ok?!, é a de que a conversa doutrinária está em outro patamar.
Se a galera progressista, incluso o governo federal, continuar a se satisfazer apenas a falar aos seus, sem se atualizar com as novas ferramentas e entender como hoje a roda gira, tempos ainda mais difíceis pela frente.
Essa é uma tarefa para ser esmiuçada por quem entende do assunto. Especialistas (inclui gente que manja de redes e comportamento da população), educadores, mestres, doutores, e por aí vai.
Ainda tem a massa evangélica, cujo corações e mentes precisam ser compreendidas e levadas a sério. Mas, esse assunto fica para uma próxima. E, será em breve.
Eita, ficou meio diferente hoje. Faz o seguinte, qualquer coisa dê uma olhada no podcast e no texto. É o que realmente presta disso tudo.
Depois, ou agora, se tiver a fim, me diz a sua opinião.
Caso não quis clicar antes os links do episódio do Chutando e da WNYC-Gothamist são esses:
- Do episódio do Chutando
https://open.spotify.com/
- Do Gothamist
Books on Black history, immigration found in trash by Staten Island school, sparking investigation
Livros sobre a história negra e imigração encontrados no lixo da escola de Staten Island, gerando investigação
Quiser trocar ideia, dizer algo, estou por aí nas redes e tal.
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Abraço, se cuide.
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