Com Sepultura, comecei a bater cabeça. E curti

Opa, beleza?!


Uma notícia na sexta-feira me baqueou. Os caras do Sepultura anunciaram que vão desligar seus aparelhos em 2024, ano que a banda se tornaria quarentona.

Confesso, entra um pouco daquele lance “depois que perde vai sentir falta e dar valor”.


Imagens: Reprodução


A primeira vez que escutei Sepultura foi no começo dos anos 90. Estava na então sétima série, hoje seria o oitavo ano. Como a memória pode falhar, era época do álbum Beneath The Remains, e na sequência, o Arise. 


Meu amigo Werner foi quem me apresentou. Aliás, faz mó cara que não falo com ele. Acho que tá em Sampa. Espero que esteja de boa.

Além das capas fodas dos discos, escutar aquela barulheira era bom demais para nós, metidos a headbanger, magrelos, camisetas pretas, de bandas, calças jeans rasgadas, e até arranjamos uns coturnos – não me pergunte como – e íamos com jeitão de “muito mal” nas ruas de Campo Grande. Andando mesmo, ou de busão. Mas, e daí? 


A companhia de Max, Andreas, Igor e Paulo nos micro systems – da hora eram aqueles com toca cd em cima de dois toca fitas – esborrachando Inner Self, Lobotomy, Dead Embryonic Cells, Orgasmatron (cover melhor que a versão original do Motorhead, ao menos para mim) e companhia.


Descolei em CDs, os primeiros álbuns, do Morbid Visions/Bestial Devastation, Schizophrenia. Inesquecível Troops of Doom, e a introdução ao som de Psicose. Infelizmente, não os tenho mais.





Ainda hoje tenho uns VHS. Entre eles, o show curtíssimo no Maracanã, no Rock In Rio, de 1991. O som tava uma nhaca,era um calor de rachar, mas ainda sim, o quarteto que começou em Belo Horizonte mandou ver. Resgata aí Mass Hypnosis, tou mentindo, não.


Tem também o show Under Siege, em Barcelona, acho que de 1992. e até um dos primórdios, em São Paulo mesmo, com imagens quase amadoras, efeitos (bregas) da época, e som tosco. Ficou até engraçado certas horas, uma das guitarras parecia aquelas do Dengue, saca? Do show da Xuxa.


E, a gente, aqui em Campo Grande, colocava som bem altão e batia cabeça. Juntava uns amigos, na casa de um ou de outro, uns gatos pingados, goró barato e dá-lhe trash metal.


Em 1996, o ápice do meu relacionamento com a “maior banda pesada do planeta”. Foi um tal de Lemmy, do, de novo, Motorhead, que disse. Quem sou eu para discordar?


Busão até São Paulo, 6 de novembro – baita coincidência, oito anos depois, meu filhão nascia nessa data - na Olympia, eu, mero moleque de 19 anos, lá de Campo Grande, era um dos 4 mil felizardos a ver eles ao vivo.


Roots Blood Roots!, vontade de chorar em meio a um monte de gente ensandecida, pulando, batendo cabeça, feliz pra caramba. Mal sabia que seria um dos últimos shows com a formação clássica. 

Não tiramos foto. Na real, nem pensamos nisso. Só queríamos estar lá. E, estivemos. As imagens estão na nuvem...da minha mente.





Mas… pouco depois, rolou uma treta na banda e Max deixou o grupo


Tentei manter a vibe com o álbum a seguir. Against, de 1998, é um disco legal, entre outros sons nos deu Choke e, F.O.E (este também conhecido carinhosamente como a “música do Globo Repórter”). 


Depois veio o disco Nation. Mas, sem o Max achava difícil manter a onda… Dei um tempo. Quando o Igor saiu do grupo, oficialmente em 2006, eu era daqueles que vivia do passado.


Momento Puta Sinceridade Constrangedora: Sim, fui daqueles tipo “foi bom até o Roots”.


Não importava o quanto Derrick, vocalista gente boa, se esforçasse, na minha mente e coração, não chegava nem perto do Cavalera.


O tempo mostrou que...quanta besteira da minha parte. Mesmo de longe, acompanhava a saga de Andreas e do Paulo para manter a banda de pé. Tocaram por aqui, em MS, e não fui. Besteira dizer que me arrependi.





Comecei a ver o quanto minha birra era birra mais recentemente ao ver o documentário Sepultura Endurance, de 2017. Material bem interessante sobre os primórdios da banda, e dos perrengues enfrentados desde sempre. 


Os irmãos Cavalera não quiseram participar do filme dirigido por Otávio Juliano. Sei lá o motivo, de todo modo, achei bola fora total do Max e do Igor. A gente merecia saber a versão deles sobre as tretas, e, ao menos, saber como estão, e tal. Fora da Conspiração.


Daí, este ano tropecei em uma apresentação passando na tevê a cabo. Eram eles no Hellfest, em Paris, 2022. Se não viu, procure. É cabulosa a performance.

Pronto, demorei trocentos anos para entender que Sepultura com Max e Igor, e Sepultura com Derrick e, hoje, Eloy Casagrande, podem ser curtidos igualmente.


Com mais de dez álbuns lançados, óbvio que tem pontos baixos, altos, e muito altos. Para muitos, hoje, musicalmente, Eloy e Derrick estão tão ou melhores do que foram os irmãos Cavalera.

Os resilientes Andreas e Paulo dispensam avaliações. Tocam muito desde o século passado, o que é novidade para zero pessoas.


Com a notícia da última turnê, me deu um estalo. Trouxe de volta uma pá de recordações, muitas ditas acima, outras que ficarão de fora, porque já tá mega grande esse mini diário. Tanto a própria banda, como os fãs que nunca a abandonaram, se orgulham do Quadra, provavelmente a última pedrada feita em estúdio.




Como aquela pessoa que tenta salvar algo, fui ouvir o álbum lançado em 2020. Já escutei umas três vezes. Tá bom mesmo.

Mens to an End, Guardians of Earth, Agony of Defeat são as preferidas. 


Enquanto isso, segue o misto de tristeza pelo desfecho iminente, e a alegria que eles me proporcionam há uns 30 anos.


Devia ter aproveitado mais. Cabeça dura. Agora, já foi. Eu sei que eles não vão ler isso. Que seja.


Que as saideiras 2024 afora sejam como Andreas deseja: uma grande celebração. Merecem demais escutar a galera aos berros: Sepultura! Sepultura! Sepultura!


Fizeram, fazem e farão parte da minha vida. Obrigado por tudo.




 Links que tem a ver com o post

- Sepultura no Olympia é apenas rock'n'roll, mas a molecada adora (eu estava lá)

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/08/ilustrada/15.html



- Sepultura anuncia datas da turnê de despedida no Brasil (não estarei lá)

http://weinthecrowd.com/sepultura-anuncia-datas-da-turne-de-despedida-no-brasil/



Posts que fiz e tem a ver com a banda


- Confesso, fui fanzão do Sepultura . Fui?

https://blogdokisho.blogspot.com/2015/07/confesso-fui-fanzao-do-sepultura-fui.html


- E lá se vão 32 anos do álbum que antecedeu a trilogia icônica do Sepultura

https://drugstorekisho.blogspot.com/2021/12/e-la-se-vao-32-anos-do-album-que.html



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