Dona Florinda, criançada, a esperança resiste em meio a local pouco Comercial
Fotos: Fernanda Prado |
Momentos antes de começar a partida, no Morenão, a gente já acomodado na
arquibancada, eis que sobe uma senhorinha, acompanhada pelos filhos. Isso,
isso, isso! dona Florinda, foi daquelas situações que fazem você acreditar que
o esporte é muito mais do que o jogo, a competição em si.
E, ao vencer uns quatro, cinco lances de arquibancadas, eis
que Florinda e seu estafe sentou do nosso lado. “Tenho 94 anos”, disse ela, com
aquele jeito de quem poderia conversar por horas que o tempo não passaria. “E
tem um irmão de 102”, acrescentou um dos filhos. Penso que ele foi um dos
incentivadores da ida de Florinda ao Morenão. Engrossar a multidão de quase 2
mil pessoas que cederam pelo menos duas horas de seu precioso fim de semana
para dar uma força ao Comercial diante do Gato Preto, o Ceilândia. Para constar e trocar ideia sobre em futuro próximo: no último jogo em casa, nem 300, com o Anápolis, compareceram.
De acordo com seus assessores familiares, a senhora que
falta trilhar a idade atual da minha filha para chegar aos 100 é “comercialina
roxa”. Se assim for, o Saci colorado, fundado há 74, bem poderia ser mais um
filho seu. Salvo engano auditivo, ela me disse que já viu jogo do clube até em
Goiás, estado onde mora um dos familiares.
“O Comercial é o de vermelho, mãe”. Bem, times perfilados
vamos para o jogo. Antes, Florinda manda uma pergunta. “A sua mãe não veio?!”.
Rapaz, como que desconcerta assim, né? Restou dar uma risada e simplesmente
dizer que não. Quem sabe, da próxima vez.
E o jogo? Ah, o primeiro tempo foi truncado. Como no
mata-mata, ás vezes é melhor não sofrer do que fazer gol, o time
campo-grandense e o do DF abusaram da marcação. Emoção mesmo só aos 46 minutos,
com Andrezão expulso, depois de dois cartões amarelos.
No segundo tempo, mudei de lugar na arquibancada. O jogo
melhorou. E, quando o goleiro começa a ganhar muito destaque, é sinal de que o time
não foi muito bem. Foi o que aconteceu com o Comercial. Guilherme salvou uma,
duas vezes. Mas, aos 30, a bola na trave foi o indício de que o time da casa
tomaria o gol. Badhuga foi o nome do lateral do Gato Preto candango que usou a
cabeça para superar o goleirão comercialino e ganhar a partida.
A torcida ainda pegou no pé do juizão Bruno Silva. Para o
colorado, houve um pênalti. Coisas que
talvez você só escutará por estas terras. Além das homenagens de praxe a
qualquer árbitro, o homem de uniforme amarelo era goiano. E dá-lhe criatividade.
“Comedor de pequi!” “Seu engolidor de pamonha!”. “Goiás tá vendo, hein”. “Mandioqueiro
do c......”.
Só que sobrou também para o camisa 10 Adriano, o “escolhido”
para ser vaiado. “Os caras tão com salário atrasado. Aí é difícil cobrar alguma
coisa”. Arquibancada democrática. Que bom.
Fim de jogo, 0 a 1, esforço reconhecido e rolou até um “Eu Acredito”. Sábado que vem, tem mais. Só que no Distrito
Federal.
Saída de estádio. Garotinho de capacete na garupa da moto
disse ao pai “Até que foi legal”.
Jogo tecnicamente fraco, sem poder tomar uma cerveja (zero não combina com futebol), banheiro chiqueiro para nós (tudo bem, já estamos "acostumados"), mas para elas é judiação..
Há muito para melhorar. E, mesmo assim, a esperança resiste.
Abraço
Um toque: Se for copiar algo, sem compartilhar o link, dê o crédito (Blog do Kishô). Nem ganho nada com isso, pelo menos até hoje. Então, dê uma força porque estou no débito. Valeu.
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