Final da Libertadores. E o país do futebol, só para variar, ignora
Na última
quarta-feira foi disputado o jogo mais importante do ano entre clubes da
América do Sul. A final da Libertadores da América entre o San Lorenzo, o “time
do papa” e o Nacional-PAR, em Buenos Aires, com casa cheia, torcida
enlouquecida. Espetáculo bonito de se ver, os argentinos empurrando o time e
comemorando o gol de pênalti, decisivo e histórico. Do outro lado, a modesta equipe
paraguaia até jogando melhor em alguns momentos, mas esbarrando no favoritismo
dos donos da casa. Único clube dos grandes argentinos que não haviam erguido a
taça. Festa bonita de se ver. Decisão sempre tem uma aura diferente. De
Libertadores, então.
Uma pena este ano
o Brasil ter parado nas quartas de final. Depois de ter emplacado uma sequência
com Inter, Santos, Corinthians e Atlético-MG. Porém, mais chato ainda é privar
os brasileiros que gostam de futebol (e não são poucos) da chance de assistirem
senão os jogos decisivos, pelo menos a final. Como escreveram, o “país do
futebol” não transmite em rede aberta a partida mais importante da América do
Sul desta temporada.
Pouco mais de um
mês do fim da Copa do Mundo e a maioria dos que “gostam” do esporte e defende
tanta coisa, se bobear até a reinvenção da roda, dá de ombros para o que
acontece fora do Brasil. “Se não tem meu time, não tem brasileiro, larga a
mão”. Maldita mania de olhar somente para o próprio umbigo. E, se surpreendem
quando “descobrem” nomes como Neuer, Schweinsteiger, e James Rodríguez.
Quem gosta de
história em geral, já deve ter lido que para se ganhar uma disputa, uma briga,
uma guerra é preciso conhecer muito bem o inimigo, o adversário. No futebol,
mais do que qualquer esporte, o brasileiro simplesmente despreza a idéia. Vive
do pensamento de que somos os melhores do mundo e que os outros se virem para
derrotar a gente.
Muita gente achou
que algo iria mudar depois do 7 a 1, dentro e fora de campo. Ceticamente, não
acreditei. Torci e sigo torcendo para isto. Infelizmente, parece haver uma
realidade paralela. Um mundo em que debater idéias, reconhecer que o outro é
superior por méritos e que não é feio aprender com quem sabe mais é coisa de
otário. Tem de ser esperto, jargão parente do jeitinho, do levar vantagem em
tudo. Dos que se “indignam” com tanta roubalheira, corrupção, mas se orgulham
de pagar menos por um serviço, de fazer uma gambiarra para driblar serviços
básicos (luz, energia elétrica) até nem tão essenciais (internet, TV por
assinatura). “Mas, é culpa do governo, é muito imposto. E não vou ficar dando
mais dinheiro para essas empresas, elas já ganham muito”. Que legal. Em vez de
buscar uma solução, questionar o porquê disso, optamos por ampliar o que é
errado.
É o famoso me
engana que eu gosto. O jeito como tratamos o futebol tem muito disso. E, quando
nos favorece, achamos (de) graça.
Bom fim de semana a
todos.
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