Abertura da Arena Pantanal me deu um ‘mixto’ de emoções

Eu posso dizer que tenho um pé em Mato Grosso. Primeiro, porque na minha certidão de nascimento, parida a poucos meses da divisão que gerou o Mato Grosso...do Sul!, está lá, local de nascimento: Campo Grande-MT.
E, segundo, motivo mais forte, há pelo menos dez anos criei laços familiares que me deixaram um pouco cuiabano. Lógico, uma provocação aqui, um bairrismo acolá, sempre rola. Mas, tudo na esportiva. Esporte que, depois da família, seja qual lugar for, é o que me move, me emociona, e me faz ficar alegre. Ou triste. Tudo isto para dizer que, para campo-grandenses e/ou “vileiros”, cuiabanos e/ou “xomanos”, me acho ter propriedade para falar sobre a Arena Pantanal (ainda gosto mais do nome Verdão, mas, fazer o quê).
Ano sim, ano também, passo pelo menos alguns dias em Cuiabá. A última vez foi exatamente há um mês. E, foi até engraçado quando o assunto era a Copa na Cidade Verde. De um lado, com meu olhar de visitante, defendendo que a cidade está de cabeça para baixo, cheio de obras, desvios no trânsito, para até o mês de junho ficar tudo bem e pronto. Do outro, os donos da casa, a maioria, criticando o ritmo das obras, alegando a roubalheira, os desvios de verba e o pessimismo de que, ao fim das contas (e põe conta nisso), receber a Copa (ou quatro jogos dela), foi um mau negócio. “O que ficar pronto até a Copa, ficou. O resto vai ficar parado”. É o pensamento recorrente.
Mesmo assim, torrei a paciência dos parentes para dar uma olhada nas obras da Arena Pantanal. Estilo turista, mesmo. Tirei fotos, queria entrar, mas, não obtive sucesso. Acesso negado. “Que pena, se estivesse pronto no prazo, o estádio poderia ser aberto para a visitação e o pessoal já começaria a lucrar com a cobrança do passeio”, pensei na ocasião.
Um mês depois...
Minha patroa, cuiabana de tchapa e cruz é prova: Quarta-feira, com a proximidade do jogo entre Mixto e Santos, cada vez que o noticiário estampava a Arena, cuja construção já consumiu por baixo R$ 500 milhões, eu parava para ver. Soa estranho, talvez, mas fiquei emocionado. Vai ver, falou mais alto o orgulho de conhecer e aprender a gostar do jeito desta gente que vive e emana um calor desgraçado. Ou, a gentileza e a atenção que o operário nos tratou quando fomos ver de perto o estádio.
Mas, ao mesmo tempo, e com a enxurrada de críticas que recebeu a organização, o estádio e as obras para o Mundial, deu uma tristeza. É de alagar não só o entorno do estádio, mas o coração. Ainda por cima, distribuíram ingressos para os operários irem ao estádio na última quarta-feira. E, surpresa de mau gosto, ficaram em uma parte da arquibancada que ainda não tinham cadeiras instaladas. Fato literalmente concreto. “Eu não vou ficar sentado no chão com a minha família. Estou há três anos trabalhando aqui. Achei que o tratamento seria diferente”, disse um deles, sem se identificar, à reportagem da Folha de S. Paulo.
Olha, fico imaginando o que se passa na cabeça do cidadão que lá mora. Uns veem exagero nas reclamações vindas Brasil afora. “Em São Paulo, no Paraná, está muito pior e ninguém fala nada”, alegam, como se isto fosse um bom consolo. Outros, detonam o governo, a politicagem. “Tá tudo atrasado porque roubaram demais”. Os que sofrem em silêncio, pois, não há o que dizer agora, em cima da hora.
E, sei lá, deve haver gente como eu e a minha patroa. Que, desde a notícia de qual cidade deveria ser sede da Copa, Cuiabá ou Campo Grande, defendemos com uma pitada de bom humor, provocação e seriedade. o nome de... Goiânia!
É isso aí, bom fim de semana a todos.

PS: amanhã começa a decisão do Sul-Mato-Grossense, em Rio Brilhante. Puxa, que legal.

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