Quando Éramos Bruxas tem Bjork. Ou seja, é dica. Mas, não pra qualquer um

 Algoritmo do Instagram fez chegar ao Quando Éramos Bruxas. Creio que foi lançado no começo dos anos 90. Assisti lá na Sesc Digital, mas, se procurar, deve encontrar por outros caminhos.

Também conhecido por ser “o primeiro filme da Bjork”. Aliás, a islandesa completou 60 aninhos em 21 de novembro. Com aquela carinha de sempre. Bjork é diferente.

Pois bem, na época do filme, ela estava na casa dos vinte, ainda meio distante da sua carreira solo. Mesmo assim, fazia barulho nas bandas que participou. The Sugarcubes (pelas contas era aonde ela estava quando na ocasião do filme), depois Tappi Tikarras (esta última já conhecia, rock cru com seu vocal já característico).

E daí?! Vai ver, fiz mais para contextualizar a época em que saiu The Juniper Tree, o título original do Quando Éramos Bruxas. O longa nem tão longa assim tem uma hora e vinte é baseado em conto dos Irmãos Grimm, e foi dirigido por Nietzchka Keene, falecida em 2004, aos 52 anos.

Pois bem, o filme parte do lance em que duas irmãs, a mais velha é Katie, interpretada por Bryndis Petra Bragadóttirm, e Margit, vivida por Björk Guðmundsdóttir. Elas tiveram a mãe morta, ao que tudo indica, por ter sido considerada uma bruxa. A história se passa em época medieval, e é todo em preto e branco.

Sozinhas no mundo, a mais velha decide encontrar um homem pra se casar. Assim, acredita, ficarem seguras e evitarem o mesmo destino da mãe.

Elas encontram Johan (Valdimar Örn Flygenring), um viúvo, que tem um filho garoto, o Jonas, papel a cargo de Geirlaug Sunna Þormar, que na ocasião deveria ter 11, 12 anos. Daí, Katie engata um relacionamento com Johan e, com Margit a tiracolo, inicialmente consegue o objetivo: um porto seguro em meio ao temor de terem o mesmo destino da mãe.

Época nada legal para esse clima de Halloween. Aliás, como uma coisa puxa a outra, mês passado escutei o podcast Caça Às Bruxas – Uma História de Terror Real. Material jornalístico sobre os ocorridos em Salem, nos States. Se te interessa este tipo de assunto, vale a pena.

Quando Éramos Jovens tem ares cult. Um clima denso, sequências por vezes sem pressa, fotografia bacana, e trilha sonora que aparece quando tem de marcar presença. Como é baseado em conto dos Irmãos Grimm, um pé no lirismo também temos.

Dito isso, o roteiro de Nietzchka Keene se sustenta. O projeto The Juniper Tree demorou uns três anos para sair do papel e ganhar a película. Depois disso, só subida, nos festivais foi geralmente recebido com olhares pró-feminismo.

Passou por mais de vinte festivais, Sundance entre eles. Ganhou o Prêmio do Público no Festival de Filmes Femininos de Montreal em 1990 e o Primeiro Prêmio do Festival Internacional de Cinema de Troia, em Portugal, em 1991.

Belo cartão de visitas, né. Entretanto, não espere cenas abertamente de confronto que retrate a luta das mulheres. A história trata com sutileza e, apenas quando não dá mais pra segurar, entram os diálogos e as bagaças auto afirmação de Johan.

Naquele cenário desconfortavelmente bucólico, em que parece não haver nenhuma outra pessoa a milhas e milhas, Quando Éramos Bruxas traz também problemas da vida real de sempre. Como a do garoto não aceitar que o lugar de sua mãe seja preenchido.

E a fantasia, ou seria válvula de escape, das visões de Margit. Por vezes pressionada pela irmã mais velha, a personagem de Bjork é meio que uma narradora oculta. Noutras, parece ser a mais consciente da situação. Ou, não.

O longa lida com essa dualidade. Difícil apontar o dedo e cravar vilã, vilão. Cada um a seu modo acredita buscar o que imagina ser o melhor para si e a quem ama.

Do meio para frente, os conflitos se acirram e, ainda assim, há espaço no tempo para apreciar as paisagens juntamente com o carregado clima Vidas Secas, saca? Uma aridez humana em plena Islândia.

Sei lá, pra variar, mais viajei que tudo. O fato do filme voltar à baila, penso ser mais do que a presença de Bjork. O que já é muito, lógico.

Sem querer querendo pode ter haver com os tempos atuais. Misoginia, machismo, feminicídio, “bons costumes”. E, me ocorreu agora, O Filho de Mil Homens, de modo distinto, toca nesse ponto. Ao que parece, atemporal e universal.

Gente às voltas com pensamentos medievais em pleno anos 2020… Por essa ótica, Quando Éramos Bruxas exala mensagens potentes por meio de sensações e imagens. E, fugir torna-se única opção. Seja da realidade, seja em sua cabeça. Falta coração. Coração parece em falta.

E, deu.

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