Em Sonhos de Trem, o cara vai indo, indo, e acaba fondo. E, tá tudo bem

 

Imagem de Train Dreams (Sonhos de Trem)

Train Dreams, ou Sonhos de Trem, tá sendo bem recebido no geral. De repente, é pelo fato de ser um pouco na linha “o cara é rústico e bonzinho”. Ou, porque dá uma dó do lenhador por ene vezes. Opa, se não assistiu ainda periga eu contar mais do filme que saiu na Netflix do que deveria.

Dirigido por Clint Bentley, o longa de hora e quarenta é baseado em livro homônimo de Denis Johnson, e, como deve saber, o filme fala de um lenhador, Robert Grainler, que leva “uma vida tranquila enquanto lida com o amor e a perda em uma época de profundas transformações nos Estados Unidos do começo do século XX.”

Então, é a sinopse do streaming. Sei lá se pode ser encarada como tranquila. Interpretado por Joel Edgerton, o simples trabalhador simples cresceu sem família e com poucas perspectivas. Se isso for tranquilo… 

Fato é que Sonhos de Trem tem um lance contemplativo. Uma América imaginada há muito tempo e que atualmente parece ter frutificado somente o lado podre. Xenofobia, exploração no trabalho, armas.

Grainler observa várias dessas situações ora de forma cúmplice, ora com a sensação de impotência. Em uma trilha ao que parece fadada à uma linha horizontal. Subir de patamar, melhorar as condições suas, das duas pessoas que mais ama, estão longe de serem palpáveis.

Felicity Jones e Joel Edgerton em cena de Sonhos de Trem

Gostei muito da atuação de Felicity Jones. Ela é a personagem que entra na vida de Robert, e vira Gladys Grainler. Na boa, mesmo que seu papel seja coadjuvante, gostei mais da performance dela do que o de Joel Edgerton. Sua presença é o porto seguro do lenhador. Ao mesmo tempo, é quem busca um caminho para ele sair do ciclo de todo ano ter de viajar para derrubar árvores junto com uma galerinha que até se conhece depois de se trombarem em outras passagens.

No caso do desmatamento, eu não sei, mas achei meio forçado umas conversas meio a favor da natureza. Bom, deixa pra lá. Tentar manter as impressões em um certo trilho. Até porque pontes de madeiras erguidas com tanto sacrifício foram substituídas friamente pelas de ferro como parte do “progresso” implantado no interior dos Estados Unidos.

O brasileiro Adolpho Veloso caprichou na direção de fotografia. Tem chances até de entrar na lista do Oscar. O trabalho do paulista em Train Dream realmente é de encher os olhos. Como bem ventilado já, das melhores coisas do longa. Tecnicamente, com certeza.

Momento aleatório: fez eu lembrar de outra belo retrato recente. O de Azul Serra em O Filho de Mil Homens. Perdoe, sou bem leigo nessas horas, mas acho que tão bom quanto. Fim do momento “sabe nada e quer opinar”.

Drama, o filme tem o ponto de virada quando pega fogo. A história passa a ter uma pegada sobre perda, não-aceitação, luto, e umas viagens na mente e coração de Robert. Acrescento a culpa, e o fator “se”. Já com uma filhinha, Gladys sugere que elas acompanhem as viagens do trabalhador braçal. Ele titubeia e, aquela história, essa será a última vez que vou ficar longe de casa. Mais para frente, vamos montar um negócio aqui no terreno de casa mesmo – viviam no meio rural – e seremos felizes.

Entendeu, né?!

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Ajuda e anima a seguir. Em vários sentidos. Mas, tudo bem…

Se cuida

Abraço

Posso ter compreendido errado a mensagem – se é que era para ter – da história. De repente há várias. O filme dá uns saltos e aparece a Claire (Kerry Condon), que chega á região encarregada de administrar o parque florestal, se não me engano. Os desdobramentos ficam para quem assistiu ou verá o longa.

Menção para a atuação de William Macy. Ele é bom, né?! Seja em comédia ou em drama. O veteraníssimo é Am Peeples, senhorzinho que volte e meia cai nessas equipes de trabalho em que estão o lenhador. Tipo, um cara que já viu de tudo e tem sabedoria trazida pela experiência.

De repente o que fez Sonhos de Trem dar certo foi isso. Juntar a história de um homem simples com os percalços This Us ao contrário, e, sutilmente, como a sociedade estadunidense se transformou de 1900 em diante.

Deu, né. Melhor assistir ou ficar com suas conclusões.

Fica a dica. Vale a pena, sim.



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