Em tempo de Dia das Crianças vá de hip-hop e Abrakbça

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Aproveitar que Dia das Crianças tá por aí e mandar uma de leve. Na real, tropecei no Abrakbça/Renan Inquérito, semana passada. Era um story do Arado Cultural sobre a Semana Pra Dança.

Gostei da música, Breakadeira. Printei para ver mais qualé que era a do cara. Fui parar no trabalho desse rapper paulistano, poeta e professor Renan Inquérito.
Com codinome MC Mágico, o trampo Abrakbça é meio que uma introdução para a criançada ter noção do rap. Em dez músicas, quase 30 minutos, o trabalho lembra coisas legais como as do Pato Fu, em sua Música de Brinquedo. Só que, como diz em O Que é, o Que é? “se escreve rap, mas é repe que se lê”.
O trabalho tem participação de crianças, óbvio. E gente grande conhecida.
Arnaldo Antunes aparece Rapdão, como um relógio.
“Eu gosto de correr, também gosto de voar
Posso até me arrastar, só não gosto de parar
Quando é dia de brincar, você nem me vê passar
Quando e de de estudar. Você quer me acelerar”

Embora mais voltada à plateia infantil, Abrakbça não é daquelas coisas bobinhas, exageradas.
Uma das minhas preferidas, tem Adriana Partimpim e Emicida, em Palavras Mágicas. A voz de Calcanhoto, a Partimpim (sinceridade constrangedora, soube desse lance dela com a gurizada faz pouquíssimo tempo) , é como um sopro, e bate fundo. E, Emicida, bem, precisa falar nada, né, quando o assunto é rap. Respeito. 
“Quando te faltarem palavras, presta atenção
Abra a cabeça, escuta o seu coração
O sol no girassol
A cor no coração
O céu no carrossel
Que gira, gira, gira, que nem pião”

A faixa-título tem participação do Teatro Mágico.
“Abra a cabeça, deixa todo tipo de ideia rolar
Abra a cabeça, deixa a novidade à vontade quando a surpresa chegar
...cabeça de vento, empina pipa com pensamento
O sol abre amanhã, a chuva abre o verão,
A flor da primavera, o amor no coração”.



E, entre trocadilhos, e instrumental qiase sempre com um quê de hip hop, Renan/MC Mágico vai realmente de Mestre de Cerimônia em cada música. O álbum segue com Amada Tomada, com participação de Maria Rita, e narra uma história de amor de um celular.
Peixe Garrafa é uma das exceções. O backing vocal das crianças acompanha a história contada por MC Mágico, em cima de uma clássica levada blueseira – impossível não reconhecer – narra de forma humorada a agrura de um peixe envolto com a cadeia alimentar, e dentro de um saco de supermercado.
Reprodução - @larissa_gonc_

Rashid e Wesley Camilo dão o ar da graça em Quando eu Crescer 
“Um livro e um violão, um sol com lápis de cor
Um céu e um beija flor, só pra rimar com amor
… quando eu crescer, eu quero ser criança”

Para MC Mágico, toda criança é Super Hip-Hop e ele deixa a garotada soltar a voz nessa faixa, que quase didaticamente – não enfadonha - apresenta o break, DJ, MC, grafite e tal.
O álbum encerra com Drik Barbosa a engrossar o coro de que Toda Criança é Poeta. 
“Ana tá descalço, pai chama atenção
Vai por um chinelo, que isso não pode não
Mas ficar descalço em casa, pai, é tão bom
Pro meu pé sentir melhor o gosto do chão
...toda criança, toda criança é poeta”

Abrakbça parece longe de querer reinventar a roda. Creio que a ideia, com tanta participação relevante, de Renan Inquérito aposta sim no filão infanto-juvenil. Ao mesmo tempo, busca mostrar que o rap não é só aquela visão pesada, adulta.
Criança pode curtir, se divertir, rimar. Sei lá, a impressão que tenho é a de que as raias do conhecimento andam muito estreitas para essa galerinha. E a gente tem muita culpa nisso.
Enfim, fica a tranquila dica, talvez melhor do que muito Xou.

Eis o print que desencadeou no pitaco da vez foi esse aí, abaixo

Ah, pra saber mais sobre o Abrakbça eu li essa matéria da Veja São Paulo

Quiser trocar ideia por outras vias
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