Sepultura, brigadão mesmo

Imagens: Blog do Kishô

Como escreveu Thales de Menezes em certeira crítica de um show em 1996, dá aquela sensação de “banda do bairro que deu certo”. Aliás, essa aparição foi em Sampa e, sim, estava lá. Era uma das 4 mil vozes no Olympia. Se a memória não trai, a penúltima exibição da formação histórica.

Quase 30 anos agora em Campão. Na turnê despedida. Vieram para cá no começo dos anos 2000. Perdi.
Desta vez, não iria novamente, mas... presente de aniversário que ganhei da filhota. Chato, né?! Na hora da compra do ingresso, fim de abril, já balancei.
Essa semana que precedeu o show tava meio borocoxô. Porém, com a proximidade das horas, caiu a ficha, “meu, vou ver os caras!”. Que foda.
Inevitável não lembrar do outro show. Aquele em Sampa. Emocionei de novo. De um jeito mais tiozão, talvez. De observar a galera quebrando tudo na pista. “Antigamente era nós lá, Kishô”, disse um conhecido que avistei dentro do ginásio e não trombava há um tempão. Verdade. De todo modo, saí quase rouco da bagaça.
Antes de entrar para o show 
Antes, menção honrosa ao pessoal que abriu os trabalhos em um Guanandizão e seu crônico desarranjo acústico. Não conhecia nenhuma das atrações.
As minas do Haze fazem um trash metal competente. Chamaram a atenção para a questão ambiental, entre outras coisas mais. Ó, posso estar errado, mas o som delas me lembrou a da gringa Kittie. Por favor, levem como um elogio. E, para a galera que não escutou, ouça ambas.
Tonelada, de Dourados, foi uma bela surpresa. Quarteto bem entrosado sem medo de chamar a galera para se divertir junto, e uma pauleira da hora. Vale a pena ao menos espiar o trampo da banda.
Antes da atração principal, veio a Native Blood. Sofreu um pouco com problemas de som durante sua performance. No início não botei uma fé, com o passar da performance dos integrantes, sobretudo do vocalista Vitor Rodrigues, mudei de opinião. O Aldo Assada no baixo também é digno de nota. Quem deu essa letra foi o amigo Marcelo Rezende. E, de baixo ele entende muito, vai por mim.
Questão indígena forte. Parem de nos matar!, engrossou o coro a Nature Blood. Muita atitude no palco marcou a noite.
Eis que chegamos ao Sepultura. Acho que foi umas duas horas de show. Doido é notar que o status de banda internacional faz jus. Muita linguagem visual que em algumas ocasiões parece multiplicar os integrantes em cena. Ainda bem que o quarteto fica longe de utilizar o telão e as telas como subterfúgio para maquiar a música.

Refuse/Resist, Territory foram como cartão de visitas do que o público teve a partir das 11 da noite. Sim, já confessei em outra hora, por muito tempo torci o nariz para o Derrick no vocal. Hoje penso como deve ter sofrido uma pessoa que teve a missão espinhosa de substituir Max Cavalera. Sorry pacas.
Nem melhor, nem pior. Diferente. Pode ser apenas impressão, mas a regulagem de som conspirou alguma vezes contra. Ele segurou a bronca, segura e, se precisar, vai seguir de cabeça erguida.
Derrick Green tem seu estilo. Sua voz em músicas como Choke (segundinhos dela no vídeo abaixo) ou Agony of Defeat é casamento perfeito.

O batera é outro que pegou um rabo de foguete depois da celeuma da saída de Casagrande para o Slipknot. O também estadunidense deu bom. Greyson toca a cozinha com propriedade e seu jeito. Com idade para ser filho dos caras, 22 anos, topou deixar a Suicidal Tendencies para fazer parte da turnê despedida da, como disse certa vez o finado Lemmy (Motorhead), “maior banda pesada do planeta” .
Sobre Paulo e Andreas difícil falar algo. Viriam adjetivos a rodo. Figurinhas carimbadas em qualquer lista de melhores baixistas e guitarristas do metal. Fácil. Eu acho. Só admirar, bater cabeça e curtir.
Dá-lhe Dead Embryionic Cells, Inne rself, Scape to The Void, meio que uma volta no tempo para este que escreve e um monte de gente com mais de 30 presentes no ginásio. Interagir com o público para quem tem décadas de estrada é tranquilo. Como Andreas, visivelmente a cara da banda, a chamar o coro de Biotech is Godzilla. Registro também para a lembrança do Silvio Santos.
Quando rolou Kaiowas então...sinceridade, foi o momento que mais senti falta dos irmãos Cavalera. Paciência, vida que segue.
Minha bateria social tava no fim quando surge a icônica bandeira estilizada do Brasil com a logo da banda. Tribal. Ratamahatta. Meu, minha, arrepiei só de lembrar do momento já em domingo adentro.
Rolou aquele inconsciente coletivo de que o show tava nos finalmente e geral acionou o modo turbo. Foi biboca, maloca, bocada pra todo lado. Coisa bonita de se ver.
Cereja do bolo, Roots deve ter bugado muita gente – vou pular ou filmar? “Why can't you see? Can't you feel this is real?”. Vixe… Bom demais.

Sepultura faz parte do rol que influencio meu gosto musical – desde a década de 90 – e, sim, a maneira de ver muitas coisas.
Faço minha a última frase deixada por eles no telão do palco: Obrigado Campo Grande. Tudo bem, deve ser praxe de encerramento dos caras. É preciso voltar a saber curtir. Somos instantes. Thanks Andreas, Paulo, Derrick, Greyson. Tudo de bom no que vier depois dessa gigante turnê.
Imagens: Blog do Kishô

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