Precisamos mesmo falar de Rodrigo Caio?

Fim de semana recheado de jogos bons. Tudo bem, se não tão bons, pelo menos promessa de emoção. Enfim, depois de quase três meses, os estaduais ganham importância. Se algum gênio me explicar para o que serviu tantas partidas…

E o que fazemos para passar o tempo? Ah, reclamamos da fórmula aprovada também por seu time do coração, do estádio vazio (também haja paixão para ir a lenga-lenga de primeira, segunda, trocentas fase)etc. Ah, mas tem time que tem levado torcida. Menos, menos.

Os clubes tentam se modernizar e aí entra os programas de sócio-torcedor. Em alguns, rola meio que um programa de milhagem. Algo assim: quanto mais jogos você vai, soma pontos, e a chance de reservar um lugar em uma partida importante (Copa do Brasil, Libertadores, por exemplo) é maior do que aquele que deixou para ir em jogo que “vale”.

Futebol é negócio, amigo. Para ter um nível sete para cima, cada clube com sua estratégia para arrecadar uns reais, dólares, que fazem diferença no fim do mês. Futebol de gente grande é caro. Só ver o quanto esses times devem de INSS. Milhões. Igual a muito banco, empresa… E nosotros pagamos o pato. Para cobrir o tal “rombo” da Previdência. A malha não é para gente fina.

Futebol, mais do que qualquer outro esporte no Brasil, é microcosmo do que acontece no dia a dia. Sim, momento Barrichello: o caso do zagueiro do São Paulo Rodrigo Caio.
Fez o certo? O errado? Hipocrisia? Demagogia? O que ele fez não encontrou eco nem em seu time, e, acho eu, nem em grande parte dos são-paulinos.

Creio que errado, não foi. Se vai virar moda (bem que podia), tampouco. Se outro jogador não fazer o que ele fez em caso de lance semelhante... e, daí?
A figura do árbitro e as regras do jogo existem para evitar que o confronto descambe para a desordem. Mania de provocar tempestade com copo da água.

Aliás, interessante. Na nossa crônica síndrome de vira-lata, aplaudimos sem questionar gestos de “educação” em outros países. Jogador alemão que admitiu ter feito o gol de forma ilegal, pode. Brasileiro faz algo parecido e, olha no que dá.

Nos dois casos, antes de descambar para as discussões nível Fla-Flu de cada dia, o que me incomoda nem é o fato propriamente dito. O que espanta é, por que chegou a tamanha “polêmica”? Ah, vai ver é que o Brasil anda em uma crise amoral tão grande que gestos como a do são-paulino está em falta. Não é bem assim.

As pessoas de bem, tenho fé, ainda são maioria. Sem generalizar, por favor. Ingênuo pensar assim? Pode ser. Mas, todo dia preciso firmar isso em pensamento. (In) conscientemente. Se não, é melhor desistir e propinar geral.

Quando esqueço o cartão na máquina do caixa eletrônico, e alguém guardou, deixei cair a carteira e não vi, e vieram me entregar, ou se importam se gostei do serviço, caso contrário agradeço pelas desculpas. Esse não é o quadro que pintam por aí. “Ainda tem gente boa nesse mundo”, dito popular. Mesmo.

Por mais que muitos de “cima” dão mau exemplo, e os que querem ser iguais a eles de qualquer jeito, estão longe de compartilhar isso, o mau-caratismo é e tem de ser cada vez minoria no dia a dia.
Para esse grupo, aconselho a andar mais na rua, ouvir pessoas. Escutar o povo. Se de perto ninguém é santo, também é perigoso sinalizar que todos querem sempre levar vantagem.
É isso aí.

Ah, só para terminar o papo zagueiro do São Paulo, tem comentarista que atentou para uma coisa: nada disso teria acontecido se o árbitro, na opinião dele, injustamente aplicasse o cartão amarelo para o atacante Jô, do Corinthians, no lance.
Até que faz sentido. Hoje, em dia, no Brasil o que tem de juiz que quer se mostrar e que gosta de aparecer…

Abraço

*Texto meu publicado na edição de hoje (22) do jornal O Estado MS

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