Lembre-se do Corinthians de 77, mas sem se esquecer do Galo no mesmo ano

Sessão nostalgia, com um pouco de provocação e devaneio, sei lá. Neste fim de semana, muito vai se falar da final paulista de 40 anos. Corinthians e Ponte Preta de 1977. Daí, que fui dar uma fuçada em datas.
Puro empirismo homeopático, nada científico. Você sabia que o último jogo desta final histórica do Paulista foi em 13 de outubro?
Pois é, naquela época os estaduais terminavam no segundo semestre. E, na sequência, começava o Brasileiro. Aí, que surgiu a curiosidade de, em vez de só recordar da decisão de São Paulo, recordar talvez o momento mais importante do futebol de Mato Grosso do Sul (até de Mato Grosso, quem sabe).

Apenas dois dias depois do jogo do Morumbi, entre a Macaca e o Timão, começou aquele Brasileiro de 1977. Que terminou em março do ano seguinte e se você ainda não se atentou a esta edição do Nacional, foi nas pelejas deste campeonato que surgiram as páginas, memórias e tudo o mais do Operário terceiro lugar.

Daquele Galo de Campo Grande, que pouco mais de quatro meses do fim do Paulista, em 22 de fevereiro, derrotou o Palmeiras por 2 a 0, diante de 38 mil torcedores. A então “Academia”, de Emerson Leão, Jorge Mendonça, e Toninho, parou diante do alvinegro sul-mato-grossense.

Tudo bem, hoje, se contar com todo mundo que diz ter presenciado a partida, nem o Maracanã seria capaz de abrigar tanta gente. E, que na semana seguinte, derrotou o São Paulo por 1 a 0, no mesmo estádio. O Tricolor do goleiro Waldir Perez, do zagueirão uruguaio Darío Pereyra, e de Müller, que entrou durante a partida. O clube do Morumbi comandado por Rubens Minelli viria a ser campeão daquele ano. Pelo saldo de gols (perdeu no Morumbi por 3 a 0), o Galo ficou fora de decidir o título.

Mas, para aquele Operário, do técnico Carlos Castilho, ficou a glória de um terceiro lugar que “malditamente” deixou gerações mal-acostumadas e que lamentam o nível do futebol hoje apresentado. E, outras gerações que jamais saberão o tamanho do significado do feito daquele time da Rua Bandeirantes, do goleiro Manga, de Tadeu Santos, de Everaldo.

Na ocasião, o Corinthians então campeão paulista terminou o Brasileiro apenas em oitavo. O Flamengo, foi o nono. Palmeiras, Botafogo, Santos, Vasco, Grêmio, Inter, Cruzeiro, todos tiveram de ver na classificação geral o time do recém-criado Mato Grosso do Sul acima deles.

Portanto, quando se lembrarem deste histórico Corinthians x Ponte. Valorize o feito, esportivamente, merecidamente. Porém, torcedor-teimoso-sobrevivente do futebol sul-mato-grossense, pode pensar com seus botões: “é, mas esses dois e um monte de time grande tiveram de aguentar um clube daqui na frente deles no Brasileirão”.

Em quatro décadas, infelizmente mudou muita coisa. No mesmo Brasileiro de 77/78, o Dom Bosco, de Mato Grosso, foi o lanterna entre 62 times.
Em 2017, o Estado vizinho tem clube na Segunda Divisão e na Série C. Mato Grosso do Sul não. Uma pequena amostra de como paramos no tempo.

Mais triste é perceber que em outros campos, fora do esporte, parece que estamos prestes a retroceder 40 anos ou mais. Nunca o termo reforma foi tão castigado como agora. Feliz dia (se é que é possível), trabalhador.
Abraço.

*Texto meu publicado na edição de hoje (29) do jornal O Estado MS

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